PIB surpreende positivamente e Ibovespa estreia setembro em alta: +1,86%
Dado fez bancos revisarem suas projeções para o crescimento do país em 2023, que agora rondam os 3%. VALE3 sobe 5,85%, maior alta do dia.
#Sextou: o Ibovespa começou setembro com o pé direito. Depois de um agosto sangrento, que acumulou queda de 5,09%, a bolsa brasileira inaugurou um novo mês em festa: alta de fortes 1,86%, quase recuperando os 118 mil pontos. Na semana, a alta foi de 1,77%.
A comemoração rolou no estilo festa surpresa. O IBGE divulgou o PIB brasileiro do segundo trimestre hoje, e o mercado esperava um crescimento mirrado, de só 0,3%. No fim, veio bem acima do esperado: salto de 0,9% em relação ao trimestre anterior. A surpresa positiva deu gás na bolsa, que passou o dia comemorando e fechou quase máxima.
Entre os grandes setores da economia brasileira, que puxou o bonde do PIB foi a indústria (crescimento de 0,9%) e os serviços (0,6%). Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o PIB cresceu 3,4%.
O resultado é explicado, principalmente, pela maior força no consumo das famílias. Ainda que os juros estejam altos, a queda na inflação, a melhora recente no mercado de trabalho (com queda no desemprego) e medidas do governo que visaram aumentar a renda da população ajudaram nesse processo de crescimento da demanda.
Não foi a primeira vez que o PIB surpreendeu. No primeiro trimestre, o forte crescimento de 1,8% também não estava no radar do mercado. Naquela ocasião, a responsável pelo salto foi o agronegócio, que avançou impressionantes 21%. No segundo tri, divulgado hoje, a agricultura recuou 0,9%, justamente pela base de comparação alta. Mas analistas projetaram um tombo muito mais feio para o setor, de -3,5%.
Depois da surpresa, bancos e instituições financeiras correram para revisar suas projeções para o crescimento do PIB para 2023. Agora, quase todo mundo concorda que a economia deve crescer num valor próximo dos 3%. É a estimativa do próprio governo, também. O Goldman Sachs é ainda mais otimista e fala em 3,25%.
São porcentagens impressionantes, se considerarmos o quanto o humor mudou ao longo do ano. No ínicio de 2023, mal se falava em crescimento do PIB. O primeiro Boletim Focus – a bola de cristal oficial do mercado, que reúne as projeções de várias instituições financeiras – trazia uma projeção de crescimento de apenas 0,78%. O último, divulgado na segunda-feira, fala em 2,31%. É claro que não é uma comparação justa (prever o futuro distante é mais difícil), mas os dois dados ilustram como o otimismo só foi crescendo no meio tempo.
Foi esse bom humor generalizado com a economia brasileira, inclusive, que sustentou as fortes altas do Ibovespa em junho (9%) e julho (3,3%). Aí veio agosto, e o clima azedou. O culpado aqui foi principalmente o risco fiscal, com o mercado não acreditando que o governo realmente conseguirá atingir sua meta de zerar o déficit já no ano que vem. Esse temor segue, inclusive, e por isso Brasília será acompanhada de perto pelo mercado em setembro.
Destaques do dia
A maior peso-pesado do Ibovespa, correspondendo a 13% do índice, ficou com a medalha de ouro no pregão desta sexta-feira. A Vale subiu fortíssimo 5,85%, puxando consigo todo o Ibov.
Hoje mais cedo o J.P Morgan elevou a recomendação para VALE3 de “neutro” para “compra”, citando que a produção de aço na China está vindo acima do esperado, mesmo com uma crise imobiliária se desenhando por lá. Isso, naturalmente, aumenta a demanda por minério.
A mineradora também se beneficia do noticiário internacional, já que o governo chinês vem anunciando – ainda que em modo conta-gotas – estímulos para a economia do país asiático, que anda derrapando nos últimos meses. Medidas de estímulo para o dragão asiático, é claro, têm impacto direto nas commodities.
Na semana, o papel da Vale avançou surpreendentes 11%.
Outra gigante do Ibov também teve um dia positivo: a Petrobras, com alta de 3,33% (PETR3) e 2,16% (PETR4). Isso porque, na semana, o preço do petróleo no mercado internacional saltou 5,48%.
Na ponta oposta, das baixas, o Méliuz foi o destaque negativo, com queda de 5,51%. É o último pregão da CASH3 no Ibovespa – a partir de segunda-feira uma nova carteira do índice entra em vigor, e a empresa de cashback ficará de fora.
Nos EUA
Na terra do tio Sam também foi dia de dado importante: o payroll, relatório oficial de empregos por lá. O documento mostrou que 187 mil empregos foram criados em agosto, só um pouco acima do esperado (175 mil). Já o desemprego subiu para 3,8%, maior patamar desde o começo de 2022. É uma surpresa, já que o mercado esperava que o índice ficasse em 3,5%. Há meses essa taxa fica estável ao redor dos 3,6%, um dos menores patamares da história americana.
Analisar a força do mercado de trabalho americano é essencial para tentar prever os próximos passos do Fed. Um mercado muito aquecido e forte é sinal de que o banco central pode pisar no acelerador e voltar a subir os juros para tentar esfriar a economia e, assim, a inflação. Já um mercado mais fraco indica que o Fed pode não subir mais a “Selic americana” nas próximas reuniões.
Por enquanto, a aposta majoritária é pela manutenção dos juros atuais, e o aumento no desemprego é um bom argumento para essa visão. Mas ainda há quem veja a possibilidade de mais uma alta até o final do ano.
Nesse jogo de adivinhação, Wall Street fechou mais ou menos de lado: S&P 500 subiu 0,18%, enquanto Nasdaq ficou praticamente estável (-0,02%).
Bom final de semana.
MAIORES ALTAS
Vale (VALE3): 5,85%
Bradespar (BRAP4): 5,02%
Alpargatas (ALPA4): 4,99%
Petz (PETZ3): 4,93%
Lojas Renner (LREN3): 4,62%
MAIORES BAIXAS
Méliuz (CASH3): -5,51%
IRB Brasil (IRBR3): -2,44%
Marfrig (MRFG3): -0,67%
BTG Pactual (BPAC11): -0,52%
Pão de Açúcar (PCAR3): -0,40%
Ibovespa: 1,86%, aos 117.892. Na semana, alta foi de 1,77%.
Em Nova York:
S&P 500: 0,18%, aos 4.515 pontos
Nasdaq: -0,02%, aos 14.031 pontos
Dow Jones: 0,34%, aos 34.838 pontos
Dólar: -0,21%, a R$ 4,9405. Na semana, alta de 1,33%.
Petróleo
Brent: 1,98%, a US$ 88,55. Na semana, alta de 5,48%.
WTI: 2,29%, a US$ 85,55. Na semana, alta de 7,17%.
Minério de ferro: 0,48% a US$ 116,42 por tonelada na bolsa de Dalian (China)