Por que Elon Musk desistiu de comprar o Twitter?

Entenda o que a virada para o bear market tem a ver com o fim do acordo. E o que isso significa para o Bitcoin – a nova aposta é que ele cairá a US$ 10 mil.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 18 out 2024, 14h14 - Publicado em 11 jul 2022, 08h14
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Existe pisar em casca de banana. E existe atravessar a rua só para pisar na casca de banana. Foi a segunda opção a escolhida pelo bilionário Elon Musk quando decidiu tentar comprar o Twitter.

A rede social do passarinho não estava à venda quando Musk teve um surto de bilionário e decidiu fazer uma oferta hostil pela empresa. A história começou em março. Primeiro ele se tornou dono de quase 10% do Twitter só comprando ações na bolsa. Só aí já era um problema. O homem mais rico do mundo tinha a obrigação de avisar a SEC (a CVM americana) da operação. Não fez isso.

Depois ele fez a tal proposta de comprar todas as ações da rede social por US$ 44 bilhões. O Twitter relutou, mas era uma oferta irrecusável. Àquela altura, tratava-se de uma valorização de 54% em relação ao valor de mercado da companhia antes de ele começar a comprar ações. Hoje a empresa tem valor de mercado de US$ 28 bilhões.

Como definiu a The Economist semanas depois, esse foi o caso mais radical de arrependimento de uma compra por impulso que se tem registro. E logo Musk começou a colocar empecilhos para fechar o acordo e pagar a conta.

Publicamente, o centro do debate era a quantidade de robôs da rede, usuários falsos que inflam os números, mas não pagam a conta. Mas isso era só da boca pra fora. 

O problema mesmo era outro. O Twitter não dá lucro, e honestamente não tem muito para onde crescer como rede social. Daria para levar o perrengue quando o dinheiro era de graça (o que acontecia com os juros perto de zero nos EUA, até março deste ano).

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Só que, agora, o Fed está subindo a ‘Selic’ americana numa velocidade não vista desde anos 1980, no ciclo que se seguiu ao choque do petróleo. Tudo indica que, no fim do mês virá um novo aumento de 0,75 ponto percentual.

Essa alta desandou as bolsas americanas. Deixou o crédito caro. E ainda diminuiu a capacidade de Musk dar garantias, já que as suas ações da Tesla passaram a valer menos também. No começo de abril, quando a compra do Twitter foi anunciada, cada papel da Tesla era negociado por US$ 1.145,45. Hoje eles estão cotados a US$ 752,29 (uma queda de mais de 30%, mas em linha com o tombo do índice de tecnologia Nasdaq). Por sinal, no pré-mercado, as ações da montadora sobem, na contramão do mercado, que vai começando a semana no negativo.

Já as do Twitter afundam. No começo da manhã, no pré-mercado, a queda era de mais de 6%. Em menos de quatro meses, os papéis foram do céu ao inferno. E agora os gestores da rede social contrataram uma banca de advogados para processar Musk pelo estrago causado nas ações e na reputação da companhia.

Tudo culpa do bear market.

O Twitter é só um dos exemplos do que a virada de maré pode fazer com o dinheiro de investidores. O Bitcoin é outro.

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Uma pesquisa divulgada pela Bloomberg perguntou a investidores o que eles achavam que aconteceria primeiro: o Bitcoin cair a US$ 10 mil ou recuperar os US$ 30 mil? 60% responderam que o mais provável era uma queda a US$ 10 mil. Isso significaria que a maior das criptomoedas perderia mais 50% do seu valor quando comparado aos US$ 20 mil atuais. Do pico de US$ 67 mil, daria um tombo de 85%. Uma coisa tipo Magalu e Via, mas em oito meses, não em dois anos.

Boa semana.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,56%

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Futuros Dow: -0,41%

Futuros Nasdaq: -0,75%

às 08h06

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,59%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,53%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,78%

Bolsa de Paris (CAC): -0,65%

*às 8h05

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,67%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,11%

Hong Kong (Hang Seng): -2,77%

Commodities

Brent*: -1,99%, a US$ 104,89

Minério de ferro: -1,42%, a US$ 112,15 por tonelada

*às 8h04

Agenda

Dia de agenda esvaziada

market facts

Itaú compra Avenue

O Itaú anunciou a compra de 35% da corretora digital Avenue por R$ 493 milhões. O acordo prevê que o banco se torne controlador após dois anos, quando passará a ter 50,1% da corretora. Depois do divórcio com a XP, esse é mais um movimento do Itaú em busca de se consolidar no mercado de investimentos para a pessoa física. No começo do ano, o banco comprou 100% da Ideal, outra corretora digital, num acordo de R$ 1,3 bilhão. Investidores receberam a notícia com ceticismo. A ação do bancão fechou a sexta no zero a zero.

Vale a pena ler:

Inverno cripto

Desde novembro de 2021, o Bitcoin despencou do pico de US$ 67,5 mil para algo em torno dos US$ 20 mil. Um tombo de 70% em 8 meses. Instaurou-se aí o que o noticiário convencionou chamar de “inverno cripto”. Parte da explicação está na alta dos juros nos EUA – só que a derrocada do Bitcoin, e, por extensão, de todas as outras criptos, foi bem mais aguda que a do mercado financeiro como um todo. A Você S/A explica as razões por trás do desabamento e mostra os riscos de apostar nas criptomoedas. 

Euro = dólar 

O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou que vai começar a aumentar as taxas de juros, hoje negativas, gradualmente. Enquanto isso, o Fed  já elevou os juros dos Estados Unidos para 1,75%, num movimento de alta que começou em março. Agora, os títulos americanos rendem muito mais do que os europeus – por isso, o dólar tem ganhado força e o euro derretido. O euro fechou a semana passada valendo US$ 1,01. É a primeira vez que as duas moedas se aproximam da paridade desde 2002. Esta reportagem da Bloomberg ajuda a entender por que o euro enfraqueceu e quais problemas o Banco Central Europeu tem em mãos daqui pra frente.

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