Porteira fechada para IPOs
Depois de dois anos com mais de 70 novas empresas listadas na B3, a bolsa brasileira enfrenta um ano na seca de IPOs.
A bolsa brasileira entra neste quinto mês do ano na seca. Até aqui, nenhuma empresa fez IPO. O baque é maior porque 2021 foi fora da curva. No ano passado, 46 empresas estrearam na bolsa — 23 delas entre janeiro e abril. Foi o maior número desde 2007 (que teve 64 ofertas iniciais). E 2020 também não ficou muito para trás: foram 28 aberturas de capital. Nos últimos dois anos, elas arrecadaram mais de R$ 100 bilhões.
2022 havia começado promissor: 28 ofertas estavam sob análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Acontece que a maioria desistiu de seguir com os processos logo no primeiro trimestre. Hoje, apenas cinco continuam com o plano: SBPAR, Corsan, Miguel Bartolomeu, Senior Sistemas e Qestra – as duas últimas, inclusive, foram as únicas a protocolarem os pedidos de IPO em 2022; as outras fizeram isso em 2021.
São dois fatores que causaram essas desistências. O primeiro é a disparada dos juros. Há um ano, o Banco Central iniciou os reajustes da Selic para conter a inflação. De lá para cá, os juros saíram do seu menor nível na história, 2%, e avançaram para o patamar de 12%. Nisso, a renda variável fica menos atrativa. Segundo fator: as eleições presidenciais. São períodos em que o mercado fica mais volátil, pouco indicados para empresas que desejam começar uma história na bolsa.