Powell volta a falar nesta quarta-feira, e mercado já prende a respiração
Presidente do Fed criou caos nas bolsas ontem ao confirmar juros mais altos do que o previsto; agora, o segundo round assusta.
Bom dia!
Depois de chacoalhar os mercados globais com suas declarações ontem, Jerome Powell volta a falar hoje ao Congresso americano. Desta vez, a sabatina é na Câmara dos Deputados, às 12h.
Dificilmente a noite de sono fará mudar o tom duro de seu discurso. Ontem, Powell não deixou dúvidas de que os juros subirão mais rapidamente e para um patamar mais alto do que o previsto anteriormente se a inflação seguir persistente (e ela segue).
O discurso hawkish corrigiu uma onda de otimismo que ainda persistia entre investidores quanto à luta contra a inflação. Agora, as apostas majoritárias falam em um novo aumento de 0,5 ponto percentual na “Selic” americana, uma aceleração em relação a alta de fevereiro, de 0,25 p.p. Antes, o mercado esperava uma repetição da alta mais amena na próxima reunião do Fed, que acontece no dia 22 de março.
Com essa nova atualização no humor do mercado, espera-se agora que os juros americanos terminarão o ano na faixa de 5,5% a 5,75%. E que todos os efeitos colaterais desse aperto serão ainda mais fortes – em especial a desaceleração econômica –, o que explica o caos nas bolsas ontem. Os impactos negativos foram sentidos não só nos EUA, mas também no Ibovespa, nas bolsas europeias e asiáticas, que fecharam majoritariamente em baixa.
É verdade que ainda tem muita água pra rolar até a próxima reunião do Fomc, o comitê de política monetária do Fed. Os dados mais aguardados são o payroll, nesta sexta-feira, e o Índice de Preço ao Consumidor (CPI), na semana que vem. Hoje, dois documentos também trazem números de interesse: o relatório da ADP, que acompanha os empregos do setor privado e é considerado uma prévia não-oficial do payroll; e o livro Bege, um documento do próprio Fed que faz um apanhadão dos dados econômicos regionais dos EUA para analisar em detalhes a economia americana.
Por enquanto os futuros americanos amanheceram com leve alta, talvez porque, dado o caos de ontem, os investidores já não esperam que o discurso de Powell possa trazer novidades e que a maior parte do pessimismo já foi absorvida. Mas nada é tão ruim que não possa piorar, claro.
Por aqui, o noticiário corporativo é destaque. Ontem, o Assaí (ASAI3) anunciou que vai conduzir novos estudos para uma possível venda de participação do controlador Casino na companhia por um montante aproximado de US$ 600 milhões.
A agenda de resultados corporativos também está movimentada, com balanços da Gol (GOLL4), CSN (CSNA3), Petz (PETZ3), IRB (IRBR3), 3R Petroleum (RRRP3) e MRV (MRVE3).
Bons negócios.
Futuros do S&P 500: 0,21%
Futuros do Dow Jones: 0,19%
Futuros do Nasdaq: 0,27%
*às 8h18
R$ 10 bi na Americanas
Perto de completar dois meses em crise, a Americanas anunciou que seus acionistas (leia-se Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, o trio bilionário do 3G Capital) estão dispostos a injetar R$ 10 bilhões para salvar a companhia. A proposta é R$ 3 bi maior que os R$ 7 bilhões sinalizados em fevereiro – e que os credores recusaram. Ainda não há uma definição se os bancos, dessa vez, vão topar.
A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial após a descoberta do maior escândalo de manipulação de balanço na história das empresas brasileiras. Foram descobertos R$ 20 bilhões em dívidas não declaradas, fazendo a dívida da companhia saltar para R$ 40 bilhões. As ações AMER3 acumulam baixa de 91% desde a revelação do escândalo. Ontem, após a notícia da possível capitalização, elas subiram 2,88%.
10h15 – Relatório da ADP sobre a criação de empregos no setor privado dos EUA
12h – Jerome Powell, apresenta relatório de política monetária ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA
16h – Fed divulga Livro Bege, documento que reúne dados econômicos regionais dos EUA
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,20%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,02%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,31%
Bolsa de Paris (CAC): -0,06%
*às 8h22
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,36%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,48%
Hong Kong (Hang Seng): -2,35%
Brent*: estável, a US$ 83,29
Minério de ferro: 0,83%, negociado a US$ 130,92 por tonelada em Dalian (China)
*às 8h08
Robô dedo-duro
Hoje é o Dia Internacional da Mulher, e muitas empresas tiram o dia para defender igualdade de direitos. Pois bem, um bot no Twitter decidiu checar quem são as empresas que afirmam ser pró-equidade, mas ainda pagam salários menores para mulheres. A história você lê aqui, na Folha.
Pay gap cresceu
Falando em desigualdade salarial, esta reportagem da Bloomberg mostra que o pay gap está aumentando, em vez de diminuir. Uma das explicações para a desigualdade de salários sempre foi o fato de que as mulheres fazem pausa na carreira para ter filhos. Acontece o seguinte: a desigualdade de salário para mulheres que nunca casaram está aumentando em relação aos homens que nunca casaram. Os dados estão neste texto da Bloomberg.
Antes da abertura: balanço da Gol
Depois do fechamentos: balanços da 3R Petroleum, CSN, CSN Mineração, Dexco, Guararapes, IRB, MRV, Petz e SLC Agrícola