Pressão por afrouxamento da política covid zero na China dá um gás em PETR4 e VALE3

No Brasil, PEC vai para o Senado com os quatro anos de waiver pedidos pelo PT. Mas a (grande) chance de que o Congresso reduza a liberação para dois anos alegra o mercado. E há um novo boato altista circulando: Alckmin em vez de Haddad na Economia. 

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 18 out 2024, 14h04 - Publicado em 29 nov 2022, 18h55
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O Ibovespa, hoje, se sentiu em 2007: subiu 1,96% com a expectativa de uma alta nas commodities, puxada pela demanda chinesa. A esperança é que a economia do país asiático reaqueça com o afrouxamento da política de tolerância zero à covid. 

O líder autoritário Xi Jinping – que acaba de ganhar mais um mandato de cinco anos no comando do Partido Comunista Chinês (e, portanto, da China) – se vê com um dilema. Por um lado, diminuir demais as restrições contra a doença fará o número de casos explodir, e ele governa o país mais populoso do mundo. Não há sistema de saúde que dê conta dessa superlotação. A notícia de hospitais em situação de calamidade pode abalar a popularidade de seu regime. 

Por outro lado, bom: a popularidade já está abalada. O problema começou quando um prédio residencial pegou fogo em uma capital remota no noroeste da China, e dez pessoas morreram porque as barreiras colocadas para impedir a circulação de pessoas acabaram atrapalhando a evacuação. Esse foi o estopim de protestos que se espalharam pelo país – uma onda incomum em um regime que censura a mídia e persegue detratores do Partido.

Os manifestantes, que pedem normas mais brandas contra a covid-19, erguem folhas em branco nas ruas. É um jeito debochado de dizer que não podem dizer nada. Os mais corajosos criticam o regime e pedem democracia. 

O PIB chinês deve crescer “apenas” 3,2% este ano, de acordo com a previsão mais recente do FMI. É um desbunde em relação ao Ocidente – que deve encarar uma recessão em 2023, resultado dos juros em alta para combater a inflação. Mas é pouco para o padrão chinês, mesmo considerando que o país vinha crescendo mais devagar ao longo da última década (uma parte natural do processo de amadurecimento econômico após uma explosão de prosperidade). 

Grande parte dessa desaceleração brusca é culpa dos lockdows. A versão mais rígida das normas chinesas, em vigor até agora, põe de quarentena não só os infectados como as pessoas que tiveram contato com os infectados, e obriga o isolamento a ocorrer em instalações do governo. Os lockdowns começam com uma quantidade baixíssima de casos. Esse abre-e-fecha irregular das cidades faz a economia caminhar aos trancos e barrancos. 

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É por isso que, antes mesmo dos protestos eclodirem, Xi Jinping já havia anunciado normas menos rígidas. Os protestos são pressão para pegar mais leve ainda.

Os chineses são os maiores compradores do minério, da soja e do petróleo brasileiros – que são, por sua vez, nossas três maiores exportações. A esperança de que o país passe a queimar mais gasolina e usar mais aço para construir prédios é sinônimo de uma alta nos preços das matérias-primas desses insumos (petróleo e minério de ferro). E, por isso, é uma notícia boa para nós. 

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Com as cotações de commodities apontando para cima – o barril subiu 0,43% hoje, e o minério de ferro, 1,24% na bolsa chinesa de Dalian –, as duas gigantes do Ibovespa, Vale e Petrobras, têm motivos para sorrir também. PETR4 fechou o pregão em alta de 4,18%; VALE3, 3,86%. 

As duas não estão sozinhas. As siderúrgicas Gerdau (GGBR4, 6,76%), Usiminas (USIM5, 6,04%) e CSN (CSNA3, 8,47%) e o ramo de mineração da CSN (CMIN3, 7,61%) seguiram a mãezona Vale e protagonizaram as altas. Um dia bom para turma metálica. Mudando de gênero musical, o bloco carioca Unidos do Ouro Negro também não se deu mal: PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) subiram 1,08% e 3,16%. 

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Enquanto isso, no Brasil, o PT pediu o braço para conseguir a mão. O texto da PEC da Transição, apresentado ontem pelo senador Marcelo Castro (MDB), foi com R$ 189 bilhões de furo por quatro anos – mas já com a expectativa de que, ao longo da tramitação no Congresso, o waiver caia para R$ 100 bilhões, e o prazo, para dois anos. O documento conseguiu as 27 assinaturas necessárias para começar a tramitar. 

Esses dois anos não são só resultado de  um caso típico de negociação, em que os dois lados cedem um pouco. Eles têm um significado por si só: dão ao PT tempo suficiente para criar a nova âncora fiscal, que substituirá o teto inflexível implantado na gestão Temer e evitará novas negociações de waiver nos próximos anos. 

Se o Congresso autorizasse apenas um ano de furo, o PT já precisaria que essa nova regra estivesse em vigor em 2024. E para isso, ela precisaria estar idealizada e pronta até abril de 2023, o prazo final para entregar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – que é o conjunto de normas e balizas que serão usadas para elaborar o orçamento no ano seguinte. Ou seja: o prazo de dois anos permite bolar uma solução permanente e bem pensada para o problema fiscal, sem dar carta branca para a gastança irresponsável. 

A interpretação de que o Congresso vai cortar as asinhas da PEC – somada ao boato do dia no RH da transição, o de Alckmin estaria sendo cotado no lugar de Haddad para assumir a Fazenda – se somaram à China para dar aquela força à nossa bolsa. 

A ver qual será a fofoca de amanhã. 

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Maiores altas

CSN (CSNA3): 8,47%
Banco Pan (BPAN4): 8,21%
CSN Mineração (CMIN3): 7,61%
Pão de Açúcar (PCAR3): 7,33%
Qualicorp (QUAL3): 6,14%


Maiores baixas

Azul (AZUL4): -3,64%
Embraer (EMBR3): -3,19%
Klabin (KLNB11): -3,10%
Suzano (SUZB3): -2,97%
Copel (CPLE6): -1,60%

 

Ibovespa: 1,96%, aos 110.909 pontos. 

 

Em NY:

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S&P 500: -0,16%, aos 3.957 pontos

Nasdaq:  -0,59%, aos 10.983 pontos

Dow Jones: 0,00%, aos 33.850 pontos

 

Dólar: -1,43%, a R$ 5,28 

 

Petróleo

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Brent: 0,43%, a US$ 84,25. 

WTI: 1,24%, a US$ 78,29.

 

Minério de ferro: 2,26%, a US$ 107,51 a tonelada na bolsa de Dalian

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