Pressão por nova política de preços dos combustíveis faz PETR4 cair 2,75%
Prates assume a estatal com a missão de arrumar uma fórmula para conter aumentos abruptos da gasolina e do diesel. E isso deve reduzir os lucros da petroleira. Ibovespa cai 0,08%.
Jean Paul Prates foi aprovado por unanimidade pelo conselho da Petrobras como o novo presidente da estatal. A notícia desta quinta não é surpresa para ninguém, mas mesmo assim as ações da petroleira tiveram fortes quedas na bolsa, segurando o Ibovespa, que caiu 0,08%.
Desde o começo do ano, quando Prates já era o indicado do governo para o cargo, até ontem, as ações da companhia acumularam uma alta de 20,59%. Com a consolidação do fato, muitos investidores aproveitaram para realizar o lucro, já que não se sabe exatamente quais mudanças a nova direção irá promover.
Espera-se que o petista mude a política de distribuição de dividendos, reduzindo a remuneração de acionistas, além de controlar os preços de combustíveis vendidos pela companhia. A intenção é não seguir à risca as oscilações internacionais, de modo a reduzir o impacto no bolso do brasileiro. A depender do que será feito, a redução do lucro pode ser substancial, e a distribuição de proventos, bem mais magra que a de 2022, quando a estatal, utilizada para fazer caixa ao seu maior acionista, o governo, tornou-se uma das maiores distribuidoras de dividendos do planeta.
Uma das ideias para conter os aumentos de combustíveis é a criação de um fundo de estabilização de preços. Funcionaria assim: quando o preço do barril estiver acima de um certo patamar, uma parte dos lucros da Petro é desviada para esse fundo. Essa grana, então, iria para bancar a importação de derivados de combustíveis.
O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas não em gasolina e diesel. Ou seja, somos exportadores líquidos da matéria prima, mas importadores de derivados.
Em modo normal, a Petrobras aumenta o preço da gasolina e do diesel quando os preços internacionais desses derivados sobem – já que ela própria é uma importadora de derivados. No “modo fundo”, a estatal não faria os reajustes. Pagaria a diferença do preço na gasolina e no diesel com o lucro das exportações de óleo cru.
Segundo um relatório do USB BB, esse mecanismo poderia ter gerado um déficit de cerca de US$ 86 bilhões na companhia, se tivesse sido implantado entre 2015 e 2022. Para o intervalo de 2023 a 2027, com base nas projeções para o preço do óleo e do câmbio, o impacto na Petrobras ficaria entre US$ 46 bilhões e US$ 175 bilhões.
Para se ter ideia do tamanho deste eventual impacto: em 2021, a Petrobras teve um lucro líquido de R$ 106,6 bilhões, cerca de US$ 19,1 bilhões.
Daí a queda de 2,75% de PETR4 e de 2,79% de PETR3, mesmo com uma alta de 1,26% do petróleo hoje. PetroRio (PRIO3) subiu 1% e 3R Petroleum (RRRP3) teve leve queda de 0,26%.
PIB dos EUA
Nos Estados Unidos, o viés positivo imperou. A primeira leitura do PIB do quarto trimestre da maior economia do mundo veio melhor do que o esperado: crescimento anualizado de 2,9% contra uma expectativa de 2,6%. No terceiro trimestre, a economia tinha expandido 3,2%.
A desaceleração é natural, dada a política monetária contracionista. O problema é se ela for grande demais, como sinaliza a desaceleração no consumo das famílias, carro-chefe da demanda, que foi maior do que o esperado. Ele cresceu apenas 2,1%, abaixo da previsão de 2,9%.
Também no quarto trimestre, o PCE (índice de preços ao consumidor) desacelerou, com alta de 3,2%, após subir 4,3% no período anterior. O núcleo do índice favorito do Fed, que exclui alimentos e energia, teve alta de 3,9%, após 4,7% no terceiro trimestre.
Os números reforçam a expectativa de que o Fed reduza o ritmo de alta de juros para 0,25 ponto percentual na próxima decisão de política monetária, na semana que vem. O mercado gostou: alta de 1,10% do S&P 500.
Tesla, o retorno?
Após o fechamento do pregão de ontem, a montadora de carros elétricos (TSLA34) divulgou um lucro anual recorde, de US$ 12,6 bilhões em 2022, mais que o dobro de 2021 (US$ 5,5 bilhões).
Foram entregues 405,3 mil veículos no ano passado, um crescimento de 41%. E a projeção para este ano é de uma expansão ainda maior: 1,8 milhão de veículos.
O CEO da Tesla, Elon Musk, deu ainda mais gás para o otimismo ao dizer que, atualmente, os pedidos são quase o dobro da taxa de produção.
Os números surpreenderam positivamente o mercado, especialmente após a montadora cortar em até 20% os preços de venda dos seus carros nos principais países consumidores.
As ações precificaram um comeback: alta de 10,97%, impulsionando o ganho de 1,76% da Nasdaq. É pagar para ver se as previsões se confirmam.
Americanas, a novela
No novo capítulo do drama da varejista, a Justiça de São Paulo determinou busca, apreensão e cópia de “todas as caixas de e-mail institucionais” dos executivos da companhia nos últimos dez anos. A medida foi requisitada pelo Bradesco para averiguar se o rombo na companhia derivou de fraude.
Aguardemos os próximos episódios. E até amanhã!
MAIORES ALTAS
CSN (CSNA3): 4,43%
CVC (CVCB3): 4,29%
Usiminas (USIM5): 3,74%
EzTec (EZTC3): 3,21%
Qualicorp (QUAL3): 2,25%
MAIORES BAIXAS
Hapvida (HAPV3): -3,06%
Suzano (SUZB3): -2,93%
Cemig (CMIG4): -2,82%
Petrobras ON (PETR3): -2,79%
Petrobras PN (PETR4): -2,75%
Ibovespa: -0,08%, aos 114.177 pontos
Em Nova York
S&P 500: 1,10%, aos 4.060 pontos
Nasdaq: 1,76%, aos 11.512 pontos
Dow Jones: 0,61%, aos 33.948 pontos
Dólar: -0,11%, a R$ 5,0745
Petróleo
Brent: 1,26%, a US$ 87,28
WTI: 1,07%, a US$ 81,01
Minério de ferro: 0,40%, negociado a US$ 126,35 por tonelada em Singapura