Quer entender rapidinho por que existe inflação? É fácil.
De cada R$ 100 em circulação, R$ 25 nasceram depois da pandemia. Com o dólar, idem. É por isso que os preços sobem.
Em 2002, havia R$ 800 bilhões na economia brasileira na forma de notas, moedas, depósitos em conta corrente e investimentos fáceis de sacar (o dinheiro efetivamente em circulação).
Hoje são R$ 4 trilhões: 400% a mais. Tudo isso é dinheiro novo que o banco central vai produzindo para emprestar aos bancos todos os dias. E os bancos reemprestam para você fazer suas compras a prazo.
Se a produção de novos bens e serviços aumenta no mesmo ritmo da produção de dinheiro, a inflação é zero. Mas não é o que acontece. O normal é que passe a existir mais dinheiro do que coisas para comprar com esse dinheiro. Então os preços sobem. No Brasil, subiram 200% desde 2002. É a nossa inflação dos últimos 20 anos.
Com o dólar é a mesma coisa. Em 2002, havia US$ 5,4 trilhões em circulação. Hoje são US$ 21,4 trilhões. 300% a mais. Como eles cresceram mais do que nós, ou seja, passaram a contar com muito mais bens e serviços nos últimos 20 anos, a inflação deles foi menor que a nossa: 55%.
Os bancos centrais não imprimem dinheiro por diversão, ou por estarem mancomunados com banqueiros perversos. O fazem para estimular a produção de mais bens e serviços. O dinheiro, no fundo, é só uma gamificada na tentativa de fazer com que pessoas produzam coisas – e gerem empregos, que são tudo o que importa.
Da pandemia para cá, para evitar o desemprego em massa, os bancos centrais ligaram as impressoras a toda.
Dos R$ 4 trilhões que giram no Brasil, R$ 1 trilhão foi emitido de 2020 para cá. Ou seja: 25% de todos os reais em circulação tem menos de dois anos de idade. Nos EUA, essa porcentagem é de 28%.
É por isso que o Brasil vive sua maior inflação desde 2015; e os EUA, desde 1982.
Para combater a inflação, os bancos centrais drenam dinheiro da economia. Acontece de tempos em tempos – é quando os juros sobem. Outro mecanismo é o banco central vender títulos de dívida que tem cofre, e segurar no cofre a grana que entra (veja aqui, na nossa coluna de fechamento de mercado, como tudo isso funciona).
O ponto é: nesses momentos de drenagem de dinheiro, quem mais tem dinheiro (os grandes investidores) passam a contar com menos capital para fazer suas apostas. Sobra menos para arriscar na bolsa. E ainda menos para coisas mais arriscadas. É por isso que o Bitcoin já caiu 40% desde seu último pico, em novembro.
Fim da Uber Eats
A Uber anunciou que não vai mais entregar refeições no Brasil a partir do dia 7 de março. A operação, chamada Eats, é oferecida no Brasil desde 2016. O movimento, segundo o comunicado da companhia, visa concentrar esforços no delivery de pacotes (o Uber Flash) e de compras em supermercados e pet shops, por meio da Cornershop. Vale lembrar que a Uber concluiu a aquisição da chilena Cornershop no ano passado, justamente para aumentar sua participação neste tipo de serviço.
Outro motivo, o maior, é a pressão exercida pelo iFood – que domina 70% do mercado de delivery de restaurantes no país. No ano passado, a Uber e outros players de entrega de refeições recorreram ao Cade para denunciá-lo. A acusação é de que o iFood força contratos de exclusividade com restaurantes, impondo barreiras à concorrência.
Maior alta nos alimentos desde 1975
Segundo a FAO, órgão da ONU para alimentação e agricultura, o preço mundial dos alimentos subiu 28% no ano passado. Trata-se do maior patamar desde 1975, quando o preço de tudo no mundo subiu por conta da Crise do Petróleo. Ainda assim, o dado de dezembro mostrou uma redução de 0,9% em relação a novembro.
A tecnologia em 2022
O The New York Times apontou e explicou quatro tendências tecnológicas para este ano: o metaverso, as casas inteligentes, os dispositivos para controle de indicadores de saúde e os carros elétricos. Nenhuma delas é uma grande novidade no universo tech. Mas, depois de serem ventiladas por algum tempo, todas devem, finalmente, se firmar em 2022. Leia a reportagem aqui.
Sobre os planos para a economia
Ao longo da semana, a Folha de São Paulo publicou artigos com o pensamento econômico de pré-candidatos à presidência. Foram representados: Ciro Gomes, por Nelson Marconi; João Dória, por Henrique Meirelles; Lula, por Guido Mantega; e Sérgio Moro, por Affonso Celso Pastore. Agora, o jornal ouviu a avaliação de analistas econômicos sobre os quatro textos e suas propostas. Leia.
*A versão original deste conteúdo foi publicada na newsletter Abertura de Mercado