Remédio que realmente funciona contra a Covid coloca bolsas no azul
Até ontem, o clima era de pessimismo. Um remédio da MSD que reduz em 48% as chances de internação por coronavírus espalhou otimismo pelas Américas.
O Ibovespa, quem diria, começou outubro com o pé direito. Depois de um mês (e um trimestre) marcado por queda, o índice subiu 1,73%, colado nas bolsas americanas, que também avançaram. Uma lufada de otimismo varreu as américas nesta sexta.
É que a farmacêutica MSD (que é chamada só de Merck lá nos EUA, mas não é a mesma Merck alemã) anunciou que os testes de fase 3 do molnupiravir, um medicamento antiviral contra a Covid-19, tiveram resultados bastante positivos. Entre os 755 participantes, aqueles que foram tratados com o medicamento tiveram 48% menos chances de serem hospitalizados ou morrerem em decorrência da doença em comparação com o grupo placebo.
Um medicamento específico para combater a Covid-19 é o que todos buscam há quase dois anos. E, agora, parece que estamos finalmente perto de um que tenha realmente evidências de eficácia, diferentemente das cloroquinas e ivermectinas. Ainda é um longo caminho, é claro – a MSD precisa publicar os dados completos, que serão revisados por outros cientistas, e pedir autorização da Food and Drug Administration, a Anvisa dos EUA, e outras agências reguladoras pelo mundo antes de colocar o medicamento no mercado.
O efeito foi o mesmo dos anúncios de primeiras vacinas no ano passado. As ações da empresa, naturalmente, lideraram as altas do S&P 500 hoje, com uma valorização de 8,37%. E o medicamento (combinado obviamente com as vacinas e o controle da pandemia num geral) também ajudou a trazer de volta o sentimento de que a volta à normalidade está próxima – o que significa uma economia global voltando com tudo.
Nisso, empresas que mais têm a se beneficiar com o fim definitivo de restrições lideraram os ganhos nas bolsas, como turismo e indústria. Nos EUA, os papéis da Delta (a companhia de voo, não consta que a variante tenha feito IPO) e da United Airlines subiram 6,5% e 7,68%, respectivamente. Na mesma linha, CVC figurou no top five de maiores altas do Ibovespa com 7,53% de valorização. Azul e Gol também fizeram bonito: 6,34% e 5,41%.
Não dá pra ganhar sempre
Teve quem, ironicamente, não surfou na onda: as farmacêuticas produtoras de vacinas. Afinal, se trabalhamos com a possibilidade de que a pandemia está caminhando para o fim e as vacinas agora não são as únicas armas que temos contra a doença, o produto produzido por elas fica menos valioso. E o resultado é uma forte queda nas suas ações: Moderna -11,37%, Novavax -12,21%, BioNTech -6,67% e Astrazeneca -0,63% (Pfizer escapou e fechou quase no zero a zero: -0,19%).
Nesta sexta, os investidores focaram no bônus da reabertura econômica e deixaram de lado o ônus do processo: a inflação, que continua despontando no mundo todo. Não é como se ela tivesse sumido, pelo contrário: setembro foi um mês especialmente negativo para os mercados globais, e a inflação foi um dos motivos para isso. Por aqui, o Ibovespa fechou o mês em queda de 6,57%; no trimestre, o tombo foi de 13%.
Não é exclusividade brasileira, não: os três índices americanos tiveram seus piores meses desde a sangria do começo de 2020, quando a pandemia bateu. Em setembro, o S&P 500 interrompeu sua sequência de sete altas seguidas e caiu 4,8%.
Hoje, os três voltaram a subir (veja abaixo), enquanto investidores observam com cautela se Biden conseguirá aprovar no Congresso eu ambicioso plano de investimentos em infraestrutura, que anima o mercado – mas alguns deputados do próprio partido do presidente estão se mostrando relutantes em passar um plano de U$ 550 bilhões em gastos estatais. A votação estava programada para hoje, mas, com os desentendimentos internos, ainda não aconteceu.
Agora esse é um problema para o investidor da semana que vem. Por hoje, podemos sextar felizes. Bom final de semana.
Maiores altas
Banco Inter – Units (BIDI11): +9,67%
Banco Inter – PN (BIDI4): +9,31%
Banco Pan (BPAN4): +8,46%
Cogna (COGN3): +8,12%
CVC (CVCB3): +7,53%
Maiores baixas
Suzano (SUZB3): -3,76%
Pão de Açúcar (PCAR3): -2,56%
JBS (JBSS3): -1,97%
Klabin (KLBN11): -1,86%
Hapvida (HAPV3): 1,10%
Ibovespa: + 1,73%, aos 112.899 pontos
Em Nova York
S&P 500: +1,15%, a 4.357 pontos
Nasdaq: +0,82%, a 14.566 pontos
Dow Jones: +1,43%, a 34.326 pontos
Dólar: queda de 1,42%, a R$ 5,369
Petróleo
Brent: +1,24% a US$ 79,28
WTI: +1,13%, a US$ 75,88
Minério de ferro: queda de 2,89%, a US$ 115,79 por tonelada no porto de Qingdao (China)