Retração da China deprime as bolsas globais
Importações e exportações do dragão tombam mais de 12%. Futuros dos EUA operam em forte baixa. Por aqui, balanço do Itaú vem melhor do que a encomenda.
O motor da economia global perdeu potência. Nesta madrugada, saíram os números de julho da balança comercial chinesa: queda de 12,4% nas importações em relação ao ano passado. A previsão era de um tombo bem menor, 5,1%. Ou seja: a demanda interna por lá está ainda pior do que parecia.
Na outra ponta, a das exportações, a situação está feia também: queda de 14,5% (contra a previsão de já pessimistas -12,5%) – um sinal de que o problema não é só chinês, mas planetário.
Resultado: as bolsas internacionais operam em baixa, com os futuros do S&P 500 tombando 0,5%. Idem para o minério de ferro: queda de 0,28% em Dalian.
E o petróleo respondeu como um avestruz, enfiando a cara debaixo da terra: Brent em queda de 1,85%.
Ou seja: surpresa hoje será se o Ibovespa NÃO emendar sua sexta queda consecutiva.
Ata do Copom
Depois do placar apertado na última reunião do Copom, que decidiu pelo corte de 0,5 ponto percentual na Selic, os investidores aguardavam com grandes expectativas a ata do encontro, divulgada há pouco.
As divergências de ponto de vista entre os diretores que votaram por um corte de 0,25 p.p e 0,5 p.p está bem detalhada na ata e pode satisfazer aqueles que pediam por mais clareza no embasamento da decisão mais agressiva do que o esperado.
O grupo que defendeu uma redução mais lenta da Selic e que optou pela cautela argumentou que não houveram alterações relevantes no cenário de projeções do Copom. Já a ala mais dovish dos diretores ressaltou que a política contracionista adotada até agora permite cortes, principalmente após as quedas recentes na inflação terem elevado ainda mais os juros reais – acima dos 10%, com a inflação em 3,16% e a antiga Selic em 13,75%.
O documento, no entanto, pode frustrar quem já via um espaço para uma queda ainda maior da taxa básica de juros na próxima reunião.
Na ata, o Copom é categórico: o ritmo apropriado de corte para conter a inflação seguirá em 0,5 p.p. por reunião – temos mais três delas neste ano, ou seja, na ausência de grandes, enormes, surpresas, a Selic encerra 2023 em 11,75%.
Balanço do Itaú
Supersticiosos até poderiam ter pensado que o apagão sofrido pelos aplicativos do Itaú (ITUB4) ao longo de toda a segunda-feira fosse um mau presságio para o balanço divulgado na noite de ontem — mas a realidade passou bem longe disso.
O bancão laranja mostrou números robustos e não só superou as projeções de mercado, como também deixou os seus principais concorrentes — Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) — comendo poeira nas principais linhas do balanço e também nas projeções de crescimento da carteira de crédito.
No segundo trimestre de 2023, o maior banco da América Latina até viu a sua inadimplência subir, mas o teve um crescimento de 13,9% em seu lucro líquido em relação ao ano passado, alcançando a marca de R$ 8,7 bi.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROAE), um dos mais importantes indicadores de análise para instituições financeiras, foi a 20,9%, bem acima dos principais concorrentes, que exibiram números na faixa dos 11%.
Indo na contramão do Bradesco, que reduziu a sua previsão de crescimento na concessão de crédito para a faixa de 1% a 5%, o Itaú manteve a sua estimativa para uma alta de 6% a 9%.
Vale destacar, aliás, que foi essa projeção de queda no ritmo de crescimento da carteira que castigou as ações do Bradesco logo após a divulgação do seu balanço, no último dia 3.
Balanço da Eletrobras
Surpresa! A Eletrobras (ELET3; ELET6) decidiu antecipar para a noite de ontem a divulgação do seu balanço do segundo trimestre de 2023, mas a videoconferência com comentários da diretoria segue marcada para amanhã, dia 9. O documento estava previsto para ser anunciado nesta terça-feira (8).
Os números mostraram um avanço de 16% no lucro líquido da companhia no comparativo com o mesmo período do ano passado — a R$ 16 bilhões. Já o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 59%, alcançando a marca de R$ 6,5 bilhões.
A empresa, que tem patinado em alguns momentos em seu processo de “desburocratização” pós-privatização, também anunciou uma eventual emissão de debêntures de R$ 7 bilhões e novas mudanças que continuam reforçando a desestatização da companhia — como um programa de compliance mais alinhado ao modelo de atuação privada.
Futuros S&P 500: -0,54%
Futuros Nasdaq: -0,52%
Futuros Dow Jones: -0,54%
*às 8h02
Privatização da Copel soma R$ 10 bilhões em demanda, o dobro do esperado
Na reta final de sua privatização, a Copel continua atraindo investidores interessados em sua oferta de ações. A demanda para participar da operação chega a R$ 10 bilhões, o dobro do tamanho da transação original, segundo o Broadcast, do Estadão.
A expectativa é de que esse número cresça ainda mais – dado que, tradicionalmente, investidores deixam para colocar suas ordens nos momentos finais.
08h: Ata da reunião do Copom
17h30: Estoques de petróleo nos EUA (API) até a semana passada.
22h30: Inflação (CPI) da China em julho
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): -1,34%
- Londres (FTSE 100): -0,56%
- Frankfurt (Dax): -1,08%
- Paris (CAC): -0,90%
*às 7h49
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,26%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,81%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,38%
Brent: -1,85%, a US$ 83,76
Minério de ferro: -0,28% a US$ 99,30 por tonelada na bolsa de Dalian, na China
*às 7h49
A corrida das startups de IA
O mundo da Inteligência Artificial se tornou cada vez mais competitivo à medida que empresas lutam por clientes, financiamento e publicidade. A disputa é particularmente intensa entre as startups de IA. Leia sobre esse mercado disputado nesta reportagem do New York Times.
Depois do fechamento de mercado: 3R, CVC, Engie, Gerdau, Méliuz, Raia Drogasil e Totvs.