Sexta-feira com três altas: na inflação, na gasolina e no Ibovespa

Na véspera do feriadão, o índice recuperou perdas recentes e fechou a semana estável. Nos EUA, dado fraco de criação de empregos desanimou Wall Street.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 18 out 2024, 09h24 - Publicado em 8 out 2021, 18h00
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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A semana que começou agitada (com a queda do WhatsApp, Instagram, S&P 500 e Ibovespa) terminou igualmente movimentada. Em um dia recheado de novidades no noticiário econômico, investidores tiveram que avaliar se viam o copo meio cheio ou meio vazio. Por aqui, predominou o otimismo generalizado, mesmo com a inflação chegando nos dois dígitos: alta de 2,03% no Ibovespa. 

O motivo está na interpretação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, divulgado logo de manhã pelo IBGE. A alta no medidor de inflação foi de 1,16% em setembro; com isso, o indicador acumula alta de 6,90% no ano e chega aos dois dígitos nos últimos 12 meses: 10,25%.

O salto nos preços foi puxado principalmente pela energia elétrica – no mês, a conta de luz ficou 6,47% mais cara. O motivo você já sabe: o Brasil passa por uma crise hídrica; sem chuvas, o jeito é acionar as usinas termelétricas, que têm um custo maior de geração de energia, para substituir as hidrelétricas. O resultado disso é que, em 12 meses, a energia elétrica acumula alta de 28,82%.

A questão é que, apesar da alta do IPCA – o maior salto para o mês de setembro desde 1994, diga-se –, o dado veio abaixo do esperado do mercado, que previa um aumento ainda mais catastrófico, de 1,25%. A surpresa positiva deu margem para o Ibovespa recuperar as perdas recentes e fechar a semana na estabilidade, com uma leve queda de 0,06% em relação à sexta passada. O otimismo foi generalizado, e só cinco dos 91 papéis que compõem o índice fecharam em baixa (veja abaixo).

Não é como se os temores com a inflação tivessem cessado, é claro. Muito pelo contrário. O aumento dos preços vai continuar pesando no bolso do consumidor – na gasolina, inclusive. Hoje, a Petrobras anunciou que vai aumentar o preço do combustível em 7,2%; o gás de cozinha também terá uma alta na mesma proporção. Os reajustes são válidos já a partir de amanhã. 

Os produtos, juntamente com a energia elétrica, também têm puxado o índice de inflação para cima nos últimos tempos. Em 12 meses, o gás de cozinha acumula aumentos de 34,67%. No mesmo período, a gasolina já aumentou 39,60% e o etanol, 64,77%, segundo o IBGE. Com o novo aumentou, continuarão a pressionar a inflação.

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A estatal justificou que o reajuste é necessário para refletir “a elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo”. Essa elevação, diga-se, não tem data para acabar: hoje, o petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras, fechou em +0,54%, a US$ 82,39 por barril – o maior patamar em três anos. Na semana, a commodity acumula alta de 5,2%. Isso porque o mundo está se recuperando da crise da pandemia, o que aumenta a demanda, mas a Opep+, o cartel dos exportadores do líquido negro, resiste em aumentar a oferta do produto no mercado, e aí os preços sobem. Nesta semana, os Estados Unidos também anunciaram que não vão liberar suas reservas estratégicas para conter a alta nos preços, o que contribuiu ainda mais na valorização dos barris.

Mas, na véspera do feriadão, a Faria Lima decidiu não se importar tanto assim com o aumento de preços generalizados no Brasil e no mundo. O fato do IPCA vir abaixo do esperado deu o gás para sextar com otimismo. E olha que nem precisou de ajuda de Wall Street para isso.

Nos EUA

O noticiário econômico americano foi igualmente agitado, mas o resultado foi o contrário. Por lá, o número que definiu o dia foi o do payroll, o relatório oficial de emprego (e desemprego) no país, liberado mensalmente pelo Departamento do Trabalho. E ele veio bastante decepcionante.

O mercado esperava a criação de 500 mil vagas na economia americana, mais ou menos. O resultado oficial foi de apenas194 mil postos, bem abaixo da previsão e também abaixo dos 366 mil registrados em agosto (segundo os números revisados) – que já havia sido considerado um número baixo, diga-se.

Analistas se dividiram para explicar a surpresa negativa; como o The New York Times lembrou, o número indica que a onda de Covid-19 causada pela variante Delta teve sim seu impacto na economia americana, apesar da ampla disponibilidade de vacinas no país.

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Investidores agora avaliam o impacto que o novo payroll pode ter nas decisões do Fed. Em novembro, o Banco Central dos EUA deve começar o tapering, o processo de retirada de estímulos à economia americana. O órgão já reiterou que o desmame vai ser lento e gradual, para a alegria do mercado, à medida que a economia se recupera. 

Um dos indicadores dessa recuperação é justamente o número de criação de empregos por lá. Mas, mesmo com dois meses decepcionantes neste quesito, o Fed deve manter sua decisão de iniciar o tapering ainda em novembro, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg e pelo Wall Street Journal.

O resultado disso é que os índices americanos passaram o dia beirando a estabilidade e fecharam todos no vermelho, com o S&P 500 perdendo -0,19%. Na semana, porém, o índice acumula alta de 0,7%, assim como Dow Jones e Nasdaq fecham no azul.

Os americanos também passaram o dia pensando em feriado – segunda-feira (11) é Dia de Colombo por lá. Aqui, o feriado é só na terça, mas muita gente vai emendar. Se você não for uma dessas pessoas, nos vemos lá. Até e bom fim de semana. 

Maiores altas

Cielo (CIEL3): +14,29%

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Ecorodovias (ECOR3): +8,82%

Banco Inter – Units (BIDI11): +7,41%

Banco Inter – PN (BIDI4): +7,07%

Magazine Luiza (MGLU3): +6,70%

Maiores baixas

Assaí (ASAI3): -3,28%

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Pão de Açúcar (PCAR3): -1,60%

Klabin (KLBN11): -0,58%

Suzano (SUZB3): -0,24%

BRF (BRFS3): -0,19%

Ibovespa: +2,03%, aos 112.833 pontos

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Em Nova York

S&P 500: -0,19%, aos 4.391 pontos

Nasdaq: -0,51%, aos 14.579 pontos

Dow Jones -0,02%, aos 34.746 pontos

Dólar: estável (-0,02%) a R$ 5,5161

Petróleo

Brent :+0,54%, a US$ 82,39

WTI: +1,34%, a US$ 79,35

Minério de ferro: alta de 5,43%, a US$ 123,38 a tonelada, no porto de Qingdao (China).

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