Short seller revela ‘maior fraude corporativa da história’
Conglomerado indiano Adani Group perdeu US$ 100 bilhões em valor de mercado após uma casa de análises descobrir fraude em seus balanços.
Enquanto o escândalo da Americanas (AMER3) estourava por aqui, o mercado financeiro global se chocava com algo ainda maior: o Adani Group, um dos maiores conglomerados da Índia, foi acusado de fraude contábil e manipulação de ações, levando a uma sangria no mercado indiano.
A denúncia veio da Hindenburg Research, uma casa de análise americana especializada em investigar picaretagens. Após dois anos mergulhando em documentos do Adani e entrevistando ex-funcionários do grupo, os analistas publicaram em 24 de janeiro um extenso relatório acusando o conglomerado indiano de crimes financeiros. No documento, eles chamam o caso de “a maior fraude corporativa da história”. O Adani Group nega as acusações.
Além de revelar o caso, o Hindenburg anunciou que havia apostado na queda das ações do Adani, via short selling. O mercado financeiro foi junto, e o Adani Group perdeu mais de US$ 100 bilhões em valor, considerando todas as empresas do conglomerado que têm ações em bolsa.
O grupo leva o nome de seu dono, Gautam Adani. Antes do escândalo, ele era a quarta pessoa mais rica do mundo e o bilionário que mais enriqueceu em 2022. Hoje, com a queda das ações de suas empresas, ele caiu para 34º, com uma fortuna de US$ 35 bilhões.
De acordo com a Hindenburg, as fraudes acontecem com o uso das outras empresas da família de Adani, que têm negócios com o conglomerado, mas não são listadas na bolsa. Assim, ficaria mais difícil verificar o real estado das finanças do grupo.
Considerando apenas a dívida que aparece nos balanços, o buraco é de US$ 40 bilhões, o que equivale a 1,2% do PIB indiano. Como comparação, a dívida da Americanas é de 40 bilhões de reais (ou US$ 7,7 bilhões). E tudo leva a crer que o rombo do conglomerado pode ser bem maior, porque haveria mais dívidas escondidas nas empresas de capital fechado.
Muitos dos negócios envolvidos com o conglomerado são offshores do irmão mais velho de Gautam, Vinod Adani. Segundo a casa de análise, elas são apenas companhias de fachada para manipulação de ações e lavagem de dinheiro.
O grupo Adani está presente em diversos setores da economia indiana. Ele opera portos e aeroportos, atua na distribuição de gás e tratamento de esgoto, além de ter canais de TV. Há até uma operação de embalagem e estocagem de maçãs. Recentemente, eles entraram no mercado de cimento, comprando a segunda maior empresa do setor no país por US$ 6,4 bilhões. Segundo a imprensa da Índia, o empresário seria muito próximo do primeiro-ministro Narendra Modi, que teria ajudado a alavancar os negócios e abafar eventuais investigações.