Tem mais gente investindo na bolsa – e eles começam com uns R$ 350

Mediana do valor da primeira aplicação caiu 64% em um ano. Diversificação dos ativos também aumentou, segundo novo relatório da B3.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 11 ago 2021, 19h43 - Publicado em 11 ago 2021, 19h32
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 (B3/Divulgação)
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O número de investidores na bolsa de valores de São Paulo cresceu 42% no primeiro semestre de 2021 e agora quase 3,2 milhões de brasileiros têm algum dinheiro em ações, fundos imobiliários, ETFs e outros investimentos de renda variável.

Isso dá 1,5% da população brasileira, infinitamente atrás dos 55% dos americanos. Mas dados divulgados pela B3 nesta quarta-feira mostram que uma mudança de comportamento bastante saudável – e que pode encorajar mais gente. 

Um jeito de criar coragem para se arriscar é ir aos poucos, tipo colocar os pézinhos na piscina com medo da água gelada. Os novos investidores estão entrando na bolsa com quantias cada vez menores nos seus primeiros investimentos: em junho de 2021, por exemplo, a mediana do valor colocado em jogo pelos 104 mil estreantes nas negociações foi de apenas R$ 352, contra R$ 985 do ano passado. E 42% dos novatos investiu menos que R$ 200.

Por padrão, as ações são negociadas em lotes de 100. O que exigiria, hoje, 2.867 para comprar um lote de papéis da Petrobras (PETR4). Mas existe também o mercado fracionário, em que é possível comprar apenas um papel de uma companhia. Aí dá para começar realmente com pouquinho dinheiro.  

E a vantagem é que, com valores menores, o baque das primeiras quedas da bolsa dói menos e não leva ninguém à falência. Sim, porque cair é tão natural quanto subir. Depois de se acostumar com isso, fica mais fácil fazer novas aplicações, aos poucos. 

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De grão em grão, todos os investidores pessoa física somam R$ 545 bilhões em investimentos, o que dá 15% de todo o mercado – o resto fica com fundos, investidores estrangeiros e instituições financeiras.

Uma outra mudança saudável de comportamento está acontecendo. Pequenos investidores estão diversificando mais. Metade deles compra apenas ações, fatia que foi 78% em 2016 (que dá para chamar de pré-história da bolsa, quando havia apenas 500 mil pequenos investidores na bolsa).

Hoje, um outro caminho escolhido é investir em ações e fundos imobiliários (FIIs), sendo que 26% dos investidores têm esse perfil (era de 9% em 2016 e 16% em 2018). No fundo, isso é fruto de muito investimento das corretoras, que seduziram investidores com os pagamentos mensais de dividendos dos FIIs. A gente contou como funciona nesta reportagem.

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A onda de 2021 são os ETFs, que são os fundos que seguem índices de ações, como o Ibovespa (você pode entender melhor aqui). O número de pessoas colocando dinheiro nesses fundos mais do que dobrou – foi de 214 mil em 2020 para 438 mil em 2021.

Resultado: 8% dos investidores hoje combinam ações + FIIs + ETFs. Não parece assim lá muito empolgante, mas era 1% lá na pré-história de 2016.

Considerando todas as opções de renda variável, 80% das pessoas físicas na bolsa têm mais de um ativo (sejam ações de empresas diferentes ou outros tipos de investimento), e quase metade (46%) possuem mais de cinco papéis diferentes. Em 2016, a situação era oposta: 59% tinham apenas uma açãozinha. Aí não tem coração que aguente sobe e desce no mercado, minha gente.

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Nessa conta da diversificação entraram também os BDRs. Até outubro de 2020, só quem já tivesse R$ 1 milhão em investimentos poderia comprar as ações gringas aqui no Brasil. Depois que essa restrição caiu, a turma até que gostou: 260 mil investidores compraram pelo menos um BDR, um aumento de quase 3.000% em relação ao início do ano passado. Bem, saindo do zero (virtualmente falando) qualquer crescimento é exponencial, né? Mas dá uma parcela importante do número de investidores da bolsa: dos 3,2 milhões, 8,1% estão em BDRs.

Quem investe

Não só os investimentos estão mais diversos: os investidores também estão. Em algumas coisas, a passos de tartaruga, como no quesito gênero: mulheres são pouco 900 mil dos 3,2 milhões de investidores, o que dá 29%. Em 2020, elas eram 28%. Não há diferenças muito grandes entre as preferências de ativos entre os gêneros, mas mulheres estreiam na bolsa com quantias maiores do que homens (mediana mensal de R$ 481 vs R$ 303).

O perfil também está ficando mais jovem: 48% dos investidores têm entre 25 e 39 anos, e 29% estão na faixa de 40-59. Os muito jovens (entre 18 e 24 anos) somam 10% e os 60+ também. Em 2017, em comparação, a faixa mais expressiva era dos investidores entre 40 e 59, e os com 60+ representavam um quarto dos 600 mil investidores na bolsa.

Outra mudança lenta é a geográfica: a maioria dos investidores ainda é do Sudeste (1,9 milhão), mas, cortesia da estatística, os crescimentos são mais expressivos em outras regiões. O Norte foi de 14 mil investidores em 2018 para 94 mil (+575%), enquanto no Nordeste o aumento foi de 486%: de 63 mil para 369 mil.

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