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Terroristas derrubam torres de transmissão de energia; Ibovespa sobe 1,55%

Um dia depois de celebrar reação institucional forte, mercado ignora ataques à infraestrutura do país. ELET6 recua -1,63%. Alta é puxada por PCAR3, AMER3, MGLU3 e VIIA3.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 21 out 2024, 10h43 - Publicado em 10 jan 2023, 18h31
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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“Não olhe para cima.” Alguém aí ainda lembra do filme da Netflix? Pois hoje a bolsa brasileira subiu convictos 1,55%, mirando um futuro de estabilidade institucional – e ignorando que os riscos ligados aos atentados golpistas continuam no radar.

É um equilíbrio tênue. Na noite de terça, o presidente Lula deu sua demonstração de força e apoio ao reunir, no Palácio do Planalto, governadores, presidentes da Câmara e do Senado e ainda membros do Supremo. Depois, todos desceram a rampa para uma visita ao também destroçado prédio do STF.

Nesta quarta, o processo de “vigiar (investigar) e punir” continuou. O ministro Alexandre de Moraes mandou prender Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, e o ex-comandante da Polícia Federal no DF Coronel Fabio Augusto.

Na lista de punições, 277 golpistas estão formalmente presos, e cerca de 500 detidos foram fichados e liberados por questões humanitárias (idosos e mães com crianças pequenas, por exemplo). 

Alexandre de Moraes aproveitou o discurso de posse do novo diretor da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, para avisar que a punição é para valer.

“Não achem esses terroristas, que até domingo fizeram baderna e crimes e agora reclamam que estão presos querendo que a prisão seja uma colônia de férias, que as instituições irão fraquejar”, disse Moraes.

Não significa, contudo, desrespeito aos direitos fundamentais. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou que sua pasta acompanhará o processo para garantir direitos. 

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No conjunto de medidas, teve ainda pedido no TCU para congelar bens de Torres, do governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, e de Jair Bolsonaro.

E enquanto as investigações sobre os ataques terroristas prosseguem, o governo Lula vai acenando ao mercado com a normalidade. Aqui, estamos falando de economia. O plano é que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anuncie as suas primeiras medidas nesta semana, focadas em uma agenda fiscal.

Até semana passada, a combinação de Haddad + medidas fiscais era vista com ceticismo. Depois dos ataques bolsonaristas, virou notícia positiva para recolocar o mercado nos trilhos.

O Ibovespa fechou a 110.816,71, no maior patamar desde 2 de dezembro e o primeiro fechamento do ano acima de 110 mil pontos. O dólar recuou de volta a R$ 5,20. E os juros futuros também cederam. É o quadro perfeito de otimismo.

O problema é que convém olhar para cima.

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Enquanto a tentativa de golpe era transmitida ao vivo em Brasília, terroristas atentavam contra a infraestrutura do país. Torres de transmissão foram derrubadas, segundo a Aneel, possivelmente com tratores. O ataque é investigado como tentativa de golpe, já que não houve qualquer tipo de evento climático atípico, capaz de derrubar a infraestrutura. O fornecimento de energia elétrica não foi afetado.

Os terroristas falaram sobre ataques “para gerar caos” em redes sociais. Eles também falaram em fechar aeroportos e o acesso a refinarias, para causar acidentes. 

O fato de que eles conseguiram derrubar linhas de transmissão mostra que os riscos ainda persistem. Especialmente porque a origem do dinheiro que financia a mobilização ainda não foi completamente detectada e tampouco interrompida.

As ações da Eletrobras, porém, destoaram do otimismo e caíram. A ELET6 liderou as baixas do dia com queda de 1,63%. 

Mas, como diria a Faria Lima, vamos falar de coisa boa.

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Quer pagar quanto

Das 89 ações do Ibovespa, 76 subiram. E quem puxou a festa de verdade foi o varejo. Teve 8,76% de alta no Pão de Açúcar (a maior do dia), 7,77% para a Magalu, 7,49% para as Americanas e 6,58% para a Via.

Foi para a conta do terceiro pregão de queda dos juros futuros, mais um sintoma da melhora de humor da Faria Lima. Desde a posse de Lula, o mercado andava colocando nas taxas de juros o risco de um descontrole fiscal, e elas dispararam. Depois do piti dos primeiros pregões do ano, agora investidores respiraram. 

O DI com vencimento em janeiro de 26 caiu de 12,681% para 12,520%. O contrato para janeiro de 27 baixou para 12,520%, ante 12,701%. 

Esse juro manda mais que a Selic, porque determina o custo do crédito no longo prazo, já que o crédito leva tempo para ser quitado. Quando altas, as taxas de juro inibem o consumo, já que pegar dinheiro emprestado fica mais caro. Aí o consumidor desiste de financiar um videogame na KaBuM, da Magalu, ou parcelar um sofá nas Casas Bahia, por exemplo. 

A valorização momentânea, porém, pouco muda o (catastrófico) quadro geral dessas empresas. Desde o pico, em meados de 2020, as ações VIIA3 foram de R$ 21,29 para R$ 2,43. Queda de 88%. Para MGLU3, ex-queridinha da bolsa, o tombo foi de 89,64%. Já os papéis AMER3, 91,2%. 

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De novo, sempre convém olhar para cima antes de decidir onde investir. Até amanhã.

Maiores altas

Pão de Açúcar (PCAR3): 8,41%

Magazine Luiza (MGLU3): 7,42%

Americanas (AMER3): 7,04%

CSN Mineração (CMIN3): 6,57%

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Ecorodovias (ECOR3): 6,26%

Maiores baixas

Eletrobras (ELET6): -1,63%

CPFL Energia (CPFE3): -1,28%

Braskem (BRKM5): -1,45%

Rede D´Or (RDOR3): -1,24%

Suzano (SUZB3): -1,24%

Ibovespa: 1,55%, aos 110.816 pontos

Nova York

Dow Jones: 0,56%, a 33.705 pontos 

S&P500: 0,70%, a 3.919 pontos 

Nasdaq: 1,01%, a 10.742 pontos

Dólar: -1,06%, a R$ 5,2020

Petróleo

Brent: 0,56%, a US$ 80,10

WTI: 0,66%, a US$ 75,12

Minério de ferro: 1,21%, a US$ 123,95 por tonelada na bolsa de Dalian

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