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UBS compra Credit Suisse por US$ 3,25 bi para estancar crise bancária

Acordo, capitaneado pela mão pesada do banco central suíço, tenta estabilizar o sistema financeiro e evitar contágio.

Por Tássia Kastner, Alexandre Versignassi
Atualizado em 20 mar 2023, 11h25 - Publicado em 20 mar 2023, 08h57
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 (Future Publishing/VOCÊ S/A)
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Há fumaça branca nas chaminés suíças: o UBS fechou a compra do concorrente Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, em uma fusão comandada sob a mão pesada dos reguladores do país e ainda vista com ceticismo pelo mercado.

Existem dois fatores-chave para entender os próximos passos. O primeiro é o próprio UBS, que agora tem uma bomba-relógio para incorporar ao seu balanço. Como resumiu um analista ao Yahoo Finance. “Você tinha no UBS o melhor banco da Suíça, com uma estratégia clara, e passa a deter o pior.”

Daí por que as ações do UBS começaram esta segunda (20) afundando mais de 14%, ainda que a sangria tenha se revertido com o passar do pregão na Europa: do ponto mais baixo do desabamento até 15h da tarde na Suíça (11h da manhã por aqui), as ações subiram 22% para 17,89 francos suíços, recuperando completamente as perdas. 

As do Credit mergulham ainda mais, 60%, mas isso era do jogo, dado que o banco foi comprado a preço de banana. A crise deles já dura anos, mas ganhou contornos dramáticos na semana passada, quando o banco anunciou ter encontrado material weaknesses nos seus balanços – um rombo, em português claro, bem ao estilo Americanas.

O sistema bancário global já bambeava desde a quebra em cascata dos três bancos americanos, Silicon Valley Bank, Silvergate e Signature (não nessa ordem).

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Aí, para evitar uma corrida bancária global, era preciso agir. Primeiro, as autoridades suíças concederam uma linha de crédito de US$ 54 bilhões para o Credit, para garantir que ele teria liquidez para cobrir saques de clientes. O foco, claro, não era torrar a grana, mas sim mostrar aos clientes que o banco estava sólido. A crise é tão profunda que não funcionou, daí a articulação pela medida extrema da fusão.

Para além disso, as autoridades decidiram que investidores de bonds do Credit não seriam pagos, num prejuízo de US$ 17 bilhões. A ideia era funcionar como uma espécie de punição/exemplo para investidores que, cientes dos riscos do Credit, continuavam a financiar o banco em termos semelhantes aos de instituições sólidas.

Os bonds em questão são usados por todos os bancos para garantir a liquidez necessária à operação. E aqui reside um risco da manobra operada pelos suíços. Os bonds dos demais bancos europeus estão afundando também, com a percepção de que investidores podem ser abandonados, caso outra instituição financeira também vá à ruína. 

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Para evitar que o problema se propague, bancos centrais, incluindo o Fed, estão ampliando as linhas de crédito aos bancos, num esforço de mostrar que nenhuma instituição financeira vai morrer de inanição.

Falta, ainda, saber se essa confusão levará a uma subida mais amena de juros nos EUA, na reunião do Fed que se encerra nesta quarta (22). Agora, as apostas são de aumento de 0,25 p.p.. Antes da crise, falava-se em 0,50 p.p., e quando o SVB quebrou, investidores chegaram a apostar que não haveria alta de juros.

No Brasil também há decisão sobre a Selic nesta quarta, com a maioria das apostas apontando para a estabilidade em 13,75%.

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