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Um conto de duas blue chips: PETR4 desce com boato, VALE3 sobe com minério

Enquanto isso, investidores se animam com a tramitação do arcabouço fiscal: o relatório está pronto, e Lula diz não se importar com a ideia de fazer cortes automáticos nas despesas em caso de estouro das metas.  

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 21 out 2024, 10h31 - Publicado em 15 Maio 2023, 17h32
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 (Juliana Krauss/Fotos: Getty Images/Você S/A)
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De um lado, a Petrobras, que encerrou uma semana promissora sexta passada, foi mal com o boato da aquisição de uma participação majoritária na petroquímica Braskem. Do outro, a Vale, que vem capengando desde janeiro, foi bem graças a uma melhora na demanda por minério de ferro na China. 

O cabo de guerra fundamental do Ibovespa, no final das contas, pendeu para a Vale, que teve uma ajudinha de um clima de otimismo mais generalizado entre os investidores: o Ibovespa fechou em alta de 0,52%. 

As boas notícias vieram de Brasília. Carlos Cajado, relator da tramitação do texto do novo arcabouço fiscal no Congresso, disse que o relatório está pronto e, caso tudo ocorra sem percalços, será entregue ainda hoje, às 19h. Lula não manifestou resistência à proposta dos congressistas de endurecer algumas normas propostas no plano original de Haddad e companhia. Os únicos pré-requisitos do Presidente são manter intocados o Bolsa Família e a política de reajuste do salário mínimo. 

A ideia é que o novo conjunto de regras terá “gatilhos” para conter despesas em caso de estouro da meta – como, por exemplo, impedir abertura de concursos públicos ou a concessão de aumentos salariais aos servidores. A existência dessas balizas deu confiança ao mercado de que indicadores como dívida pública e inflação ficarão sob controle em longo prazo. Isso derrubou os juros futuros, que são as apostas sobre o estado da Selic nos próximos anos. 

Dito isso, vamos ao noticiário empresarial: 

O de baixo sobe… 

Após um longo e tenebroso inverno, a cotação do minério de ferro finalmente teve um dia razoável na bolsa de Dalian, no litoral chinês: alta de 4,17%, a US$ 104,24 a tonelada. Na bolsa de Cingapura, outro importante hub de negociação da commodity extraída pela Vale, a alta no mercado à vista foi de 3,54%, a US$ 107,35 a tonelada. Não deu outra: Vale e seu séquito de mineradoras e siderúrgicas tiveram um dia bom na B3: VALE3, 1,44%; USIM5, 2,01%; CSNA3, 1,88%. 

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Os preços ainda estão bem distantes dos patamares de março, quando a esperança em torno do reaquecimento econômico chinês no pós-covid estava no auge – o país é o principal cliente do minério extraído aqui –, e os preços passaram dos US$ 130. 

Esse entusiasmo arrefeceu. Os dados macroeconômicos de abril confirmam que a terra de Xi Jinping não voltou dos lockdows com o gás que os mercados ocidentais desejavam. A inflação chinesa foi de só 0,1%, e lembre-se: preços estáveis demais são sinal de estagnação econômica – um pouquinho de inflação faz bem para todo país. Nos preços ao produtor, houve deflação de 3,6%, ou seja: os insumos da indústria baratearam em vez de encarecer, o que é um péssimo sinal. Entenda aqui os perigos da deflação. 

Se a alta de hoje é um oásis em meio a uma tendência generalizada de queda, por que a Faria Lima se animou? Bom: é que esse parece o prenúncio de uma tendência de recuperação de longo prazo. Apesar dos dados macroeconômicos ruins, houve, de fato, um aumento de 9% na demanda por aço do país asiático na semana passada. Além disso, espera-se que o governo chinês dê início a um plano de estímulos para o país pegar no tranco. A construção civil, que já chegou a ser responsável por um quarto do PIB da China, é a principal cliente de mineradoras e siderúrgicas, e está em crise desde o ano passado (entenda melhor neste texto). 

…o de cima desce

Semana passada, a Petrobras teve um sextou agitado – no bom sentido – com anúncios sobre dividendos. Após a divulgação do balanço do 1T23, Jean Paul Prates afirmou que pagará mais que o mínimo permitido por lei, ainda que não mantenha o patamar generoso dos proventos de 2022. 

Hoje, porém, a cotação de PETR4 tropeçou com o furo, dado pela coluna de Julio Wiziack na Folha, de que a petroleira estaria interessada na compra de 50,1% das ações da Braskem. Esses papéis, atualmente, são de posse da Novonor, o nome novo da infame Odebrecht.

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 A assessoria da Petrobras desmentiu o boato o mais rápido possível, mas não convenceu os coletinhos, já que seus papéis (bem como as ações BRKM5) continuaram derretendo o pregão todo: PETR4 fechou em -2,06%; BRKM5, -8,31%. 

A Braskem, lembre-se, é alvo de interesse da petroleira estatal dos Emirados Árabes, a Adnoc. Semana passada, as ações disparam 25% com o boato da aquisição. O pessoal de Abu Dhabi, porém, não ofereceu um preço por ação considerado satisfatório (especialmente para a pujança dos bolsos na Península Arábica), e o diálogo parou. 

Seja como for, a Petrobras, que já é dona de 38% dos papéis da Braskem, tem preferência na fila para adquirir o controle, se assim desejar. E Prates, de acordo com a apuração de Wiziack, teria expressado interesse em passar na frente dos árabes e exercer essa preferência. O comentário rolou em uma reunião a portas fechadas, mas parece ser mais que um mero boato, já que o próprio Lula manifestou, anteriormente, o desejo de aumentar o controle do governo sobre empresas de setores estratégicos. 

O dia ruim para a Petrobras ocorre apesar de uma alta no preço do Brent, sustentada pela queda da cotação do dólar mundo afora (a moeda americana e o barril, geralmente, caminham em direções opostas). Não ajudaram, também, as discussões sobre uma nova política de preços de combustíveis. Lula expressa faz tempo o desejo de abrasileirar os litros da gasolina e do diesel – ou seja, abandonar o cálculo em dólares, que segue o mercado internacional, para diminuir o preço nos postos aqui no Brasil. 

Não faltam decisões difíceis – e leituras de jornal – para os donos de PETR4. Era mais fácil ser pai de pet. Ou melhor, pai de PETZ3, que já subiu 30% desde o início do mês. Já do pico, que rolou em agosto de 2021, a queda segue pesada: 73%. Bom descanso! 

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Maiores altas

Eztec (EZTC3): 5,24%
Klabin (KLBN11): 4,54%
Gol (GOLL4): 4,34%
Locaweb (LWSA3): 4,06%
Renner (LREN3): 3,51%

Maiores baixas

Braskem (BRKM5): -8,31%
BB Seguridade (BBSE3): -5,36%
Raízen (RAIZ4): -4,56%
CVC (CVCB3): -3,67%
Petrobras PN (PETR4): -2,06%

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Ibovespa: 0,52%, a 109.029 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,30%, a 4.136 pontos
Nasdaq: 0,66%, a 12.365 pontos
Dow Jones: 0,15%, a 33.350 pontos


Dólar: -0,71%, a R$ 4,88


Petróleo

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Brent: 1,43%, a US$ 75,23
WTI: +1,53%, a US$ 71,11 


Minério de ferro:
4,17%, a US$ 104,24 a tonelada na bolsa de Dalian

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