Um pepino chamado inflação em ano eleitoral
Brasília mete os pés pelas mãos ao tentar baixar a conta de luz e os preços dos combustíveis. Entenda algumas das medidas.
Brasília continua focada em reduzir o custo da energia e dos combustíveis com o chapéu alheio. A Câmara aprovou ontem um teto de 17% para a cobrança de ICMS (um imposto estadual) sobre produtos e serviços considerados essenciais. Entraram na lista, além de combustíveis e conta de luz, serviços de telefonia.
Os governadores se articulam para barrar a medida no Senado e até no Supremo, se necessário.
Antes disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, já havia ameaçado com a suspensão dos reajustes de contas de luz, o que configuraria quebra de contrato. O foco é tentar conter a inflação que está em 12% ao ano e afeta a popularidade do presidente – e dos políticos em geral – em ano eleitoral. O problema são os métodos heterodoxos – um filme que você já viu antes, sob o governo Dilma.
Não foi preciso fazer isso via Congresso, já que a Aneel, a agência reguladora, já começou a intervir nos aumentos de tarifas.
Ontem, foi anunciada a suspensão temporária do aumento na conta de luz na Cemig. O plano é tentar usar o dinheiro da privatização da Eletrobras para evitar o aumento.
Segundo o Valor Econômico, a Cemig propôs usar créditos tributários para abater reajustes. Do lado do governo, o plano é usar R$ 5 bilhões do dinheiro levantado com a venda da estatal para conter altas de preços nas contas de luz em todas as distribuidoras.
A Cemig é uma empresa listada na bolsa, mas 60% das ações com direito a voto estão sob controle estatal.
A Eletrobras deve protocolar o plano de venda de ações na CVM e na SEC nesta quinta, mais tardar sexta-feira. E a ideia é precificar as novas ações em apenas duas semanas. O governo teme que a proximidade com o verão no hemisfério norte e as eleições dificulte a operação.
Se sair a venda – e tudo indica que sairá –, o consumidor pode até ganhar um alívio na conta de luz no ano eleitoral. Para o longo prazo, o cenário é mais sombrio, já que a privatização inclui a obrigatoriedade de construir usinas térmicas onde não há oferta de gás.
Isso sem falar nas intervenções do governo na Petrobras, que se prepara para o quarto CEO sob Bolsonaro – um presidente inconformado com as regras de funcionamento da companhia.
Futuros S&P 500: 0,11%
Futuros Nasdaq: -0,16%
Futuros Dow: 0,18%
*7h53
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,40%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,13%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,39%
Bolsa de Paris (CAC): 0,53%
*às 7h51
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,25%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,27%
Hong Kong (Hang Seng): -0,27%
Brent*: 0,71%, a US$ 114,84
Minério de ferro: -1,15%, a US$ 129,25 por tonelada na bolsa de Singapura
*às 7h52
9h30: EUA divulgam revisão final do PIB do 1º trimestre de 2022.
9h30: EUA publicam pedidos de auxílio desemprego
10h30: Receita Federal divulga arrecadação de abril.
Datafolha divulga nova pesquisa eleitoral para presidente
Concorrência?
A Petrobras assinou após a greve dos caminhoneiros um acordo com o Cade para vender suas refinarias. Tudo indica que isso não foi o bastante para elevar a concorrência no setor. Agora, o órgão de defesa da concorrência investiga duas práticas anticompetitivas. 1) se a Petro vende o petróleo a um preço maior para a refinaria privada Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. Só que a própria RLAM é investigada por vender combustível acima do preço no Estado, já que lá ela não enfrenta concorrência da estatal. A PETR4 fechou ontem em alta de 1,42%.
Perdeu o prazo
Elon Musk vai precisar tirar mais dinheiro do próprio bolso se realmente quiser comprar o Twitter. Segundo o Financial Times, Musk perdeu o prazo para contratar uma linha de crédito que tinha como garantia ações da Tesla. Ainda assim, o bilionário teria reafirmado sua intenção de compra a acionistas da companhia. As ações do Twitter sobem 5% no pré-mercado por causa da notícia.
Perspectiva
O ministro Paulo Guedes está em Davos para o Fórum Econômico Mundial. Lá, em uma palestra fechada, foi questionado sobre uma eventual vitória de Lula nas eleições em outubro. Em sua resposta, Guedes disse que “Eles são piores que a gente”. Uma construção no mínimo curiosa para quem afirma fazer um bom trabalho. Leia aqui as explicações do ministro.