Wall Street sobe com techs, mas risco fiscal trava Ibovespa: -0,68%
Haddad não confirma se a meta de déficit zero em 2024 está mantida, após fala de Lula na sexta causar medo na Faria Lima. Petróleo cai 3,2% e derruba petroleiras.
O mercado global começou a semana com o pé direito: as bolsas subiram nos EUA, Europa e China. Mas já diziam as mães brasileiras: “você não é todo mundo”. O Ibovespa fechou o dia em queda de 0,68%, aos 112.531 pontos, com a novela da meta fiscal voltando a pesar por aqui.
O índice até abriu o dia tentando se firmar no azul, mas virou após o acontecimento mais aguardado do dia: a coletiva de imprensa de Haddad. A fala do ministro era esperada após as declarações de Lula, na sexta-feira, sobre a meta fiscal brasileira, que basicamente anulou todo o trabalho da equipe econômica de tentar convencer o mercado de que o governo perseguiria o déficit zero em 2024.
Lula disse que a meta fiscal do país não precisa ser zero – contrariando a ideia de Haddad e desautorizando o ministro —, e que se o país chegasse em -0,25% ou -0,5% não faria grande diferença.
A expectativa do mercado, então, era saber se a meta zero, o alvo de Haddad, estaria mantida ou se seria revista pelo governo. Mas, na coletiva, o ministro não confirmou nem desconfirmou, mesmo sob insistência dos jornalistas. Preferiu dizer coisas mais genéricas, como que vai “buscar equilíbrio fiscal de todas as maneiras justas e necessárias para que tenhamos um país melhor”.
O saldo da coletiva foi negativo aos olhos da Faria Lima. Ficou parecendo que a postura de Lula, de deixar a meta mais frouxa, deve prevalecer. As tentativas de Haddad de apagar o incêndio, reafirmando compromissos rasos com a responsabilidade fiscal, não colaram.
Tudo bem que a maior parte do mercado já esperava que a meta não seria cumprida mesmo – o problema é o governo admitir isso abertamente e dar pouca importância para o equilíbrio das contas públicas, o que aumenta o medo de uma bagunça fiscal entre os investidores. Lula disse, inclusive, que não quer corte de gastos. Desde o começo da gestão petista, Haddad vem tentando buscar o déficit via aumento de receitas, mas está claro que não bastará. Com a postura do presidente declaradamente gastadora, a insegurança reina na Faria Lima.
Com a coletiva de Haddad, a bolsa virou e passou a cair. Das 86 ações, 68 fecharam no vermelho. O dólar subiu 0,67%, a R$ 5,0469, e as taxas de DI futuro também avançaram. No mês, a queda do Ibov é de 3,46%.
Outro ponto que travou o Ibovespa foi o forte recuo do petróleo nesta segunda-feira: -3,19%, a US$ 86,35. O mercado segue monitorando a guerra entre Israel e Hamas e o risco de um possível espalhamento do conflito pela região, que é importante produtora da commodity – o que poderia causar uma turbulência no mercado internacional. Até agora, porém, não há sinais concretos de que isso aconteça, mesmo com o avanço terrestre de Israel sobre a Faixa de Gaza já ter iniciado.
Com isso, PETR4 caiu 1,02%, PETR3 -0,81%, PRIO3 -2,95% e RRRP -1,43%.
Nos EUA
As bolsas americanas tiveram um dia de forte alta, corrigindo uma sequência de perdas recentes, ainda que o noticiário em si não tenha trazido grandes novidades. A semana, porém, promete, com uma sequência de dados econômicos dos EUA nos próximos dias, além de decisão do Fed para os juros (aliás, é a famosa Super Quarta – o Copom também se reúne por aqui).
Na quinta sai o balanço da Apple, a maior empresa do mundo em valor de mercado. Nesta segunda-feira, as ações da maçã subiram 1,23%, e suas parceiras techs também fecharam em alta, garantindo um pregão positivo em Nova York.
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
Usiminas (USIM5): 4,49%
CCR (CCRO3): 2,54%
CSN Mineração (CMIN3): 2,42%
Weg (WEGE3): 2,12%
Dexco (DXCO3): 1,83%
MAIORES BAIXAS
Casas Bahia (BHIA3): -6,25%
Magazine Luiza (MGLU3): -6,16%
Braskem (BRKM5): -5,47%
Petz (PETZ3): -4,86%
Hypera (HYPE3): -4,72%
Ibovespa: -0,68%, aos 112.531 pontos
Em Nova York
S&P 500: 1,20%, aos 4.166 pontos
Nasdaq: 1,16%, aos 12.789 pontos
Dow Jones: 1,58%, aos 32.928 pontos
Dólar: 0,67%, a R$ 5,0469
Petróleo
Brent: -3,19%, a US$ 86,35
WTI: -3,77%, a US$ 82,31
Minério de ferro: 2,51%, cotada a US$ 122,99 por tonelada na bolsa de Dalian (China).