WEG lucra R$ 2,3 bi, Embraer mantém o voo, e Braskem ganha um gás
Petroquímica lidera altas com acordo de fornecimento de gás com o México. Acionistas da Embraer seguem de olho na Lufthansa. E WEG dá aula de lucratividade.
Em meio a bombas diárias do noticiário político-econômico, pode ser difícil lembrar que estamos em época de entrega de balanços. Mas sim, estamos. E hoje foi dia de um relatório particularmente interessante, o da “Tesla brasileira”: a WEG.
WEG que cresceu 1.200% em valor de mercado na década passada. Que valorizou 120% em 2020. E que, de novo, não deixou a desejar. A receita da companhia cresceu 29,5% no ano passado, para R$ 4,88 bilhões. O lucro no ano ficou em R$ 2,3 bilhões. Alta de 45%. Ou seja: a margem da empresa subiu, já que o aumento no lucro foi maior do que o faturamento.
O quarto trimestre da multinacional de motores elétricos, viu um crescimento de 48,5% frente ao mesmo período de 2019. O lucro foi de R$ 742,2 milhões. E o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (famoso Ebitda) teve um aumento muito próximo dentro do mesmo referencial, de 47%, para R$ 981 milhões.
A empresa justificou os números citando uma boa demanda interna, em comparação com os outros trimestres do ano passado, e o dólar em alta. Metade da receita da fabricante é na moeda estrangeira.
Só não foi mais um balanço dos sonhos porque o lucro anual em dólar caiu 5,5%. A valorização cambial frente ao real, porém, foi de 31% em 2020, e compensou a perda. Resultado: valorização de 3,63% ao fim do dia, a R$ 86,70.
Braskem e Embraer.
Nesse dia de leve alta no Ibovespa (0,38%, aos 115.667 pontos) essas duas também foram destaque. A Braskem liderou as altas do pregão com a perspectiva de um novo fornecedor a caminho. Segundo a Bloomberg, a empresa deve fechar um acordo ainda nesta semana com o governo mexicano para o fornecimento de gás para o complexo Etileno XXI. Isso elevou a ação da petroquímica em 10,14%.
Já o caso da Embraer é um pouco diferente. Sem notícias novas no radar, o que move os investidores é uma expectativa da semana passada: de que o Grupo Lufthansa renove sua frota de jatos regionais com aviões da empresa.
Atualmente, a maior aérea da Europa tem 43 aviões Embraer da geração antiga, chamada E1. E pode trocar toda essa frota por modelos da geração nova, a E2, que gastam menos combustível. Fora isso, a Lufthansa tem outros 71 aviões de outras fabricantes que podem ser substituídos de forma vantajosa pela série E2.
Ou seja, o potencial de receita para a empresa de São José dos Campos é brutal. Mas claro: antes, é preciso combinar com os alemães, e ainda não há nada definido. Mesmo assim, a Embraer fechou numa nova alta, de 6,07%.
Morde Petro e assopra Eletro
Sabe o noticiário político-econômico? Pois é, não tem como fugir dele.
Um pouco mais lenta do que ontem, a Eletrobras manteve as altas nos papéis hoje, já que a privação deve sair de um jeito ou de outro. Mesmo assim, Credit Suisse e Safra deram recomendação “neutra” para compras das ações da companhia – ou seja, não preveem grandes valorizações sustentadas por um longo tempo.
Existem algumas explicações para isso, a começar pela cláusula da golden share, a “ação de ouro”. Ela é uma condição do projeto de privatização que concede ao governo o poder de veto para determinadas decisões da companhia – quando a Boeing veio comprar a Embraer, uma ex-estatal, o governo podia vetar, por ser o dono da ação de ouro.
Em sua recomendação, o Safra destacou a golden share como um risco de governança para a Eletrobrás – o governo poderia utilizar essa barra de chocolate dourada para interferir demais ali, seja indicando executivos seja impedindo a entrada de certos investidores, como cogitou-se fazer com a Embraer (que foi impedida de vender sua área de aviões militares para a Boeing – no fim, a venda miou, você sabe, mas por outros motivos.
O texto da MP também traz seus easter eggs. Uma das surpresinhas ali é o fato de que os compradores da iniciativa privada terão de gastar R$ 8,7 bilhões em contrapartida pelo prêmio de controlar a maior geradora e distribuidora de energia do país.
Entre os gastos obrigatórios, estão programas de recuperação do Rio São Francisco e a manutenção do Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) por pelo menos 4 anos.
Mas o que chacoalhou mesmo os papéis da empresa, no final do pregão, foi uma bela de uma fofoca. Circulou por aí que a MP da Eletrobras teria sido devolvida ao governo. Mas não é verdade. O que aconteceu foi um movimento da oposição pedindo para que o Senado devolva.
Tudo isso acabou afetando a valorização dos papéis. E as ações da Eletrobras, que começaram o dia numa nova alta próxima de 10%, fecharam com números menos exuberantes: 4,94% (ELET6) e 3,46% (ELET3).
A Petrobras também teve uma alta moderada. Depois de fechar o dia ontem numa subida de 12%, correndo atrás do prejuízo da queda acumulada de 25% entre sexta e segunda, ela fechou hoje em valores mais terráqueos. Os papéis ON e PN terminaram o dia em 1,41% e 1,28%, respectivamente. Mas amanhã a história pode ser outra história, porque nesta quarta-feira (24), depois do fechamento de mercado, sai o relatório do quarto trimestre 4T20.
Apertem os cintos, porque a temporada de balanços continua. Amanhã tem Vale, Ambev, Gol, BRF, Minerva, Localiza e NotreDame. Uma turminha da pesada que promete altas confusões para esta quinta. Até!
MAIORES ALTAS
Braskem: 10,14%
Usiminas: 9,53%
Embraer: 6,07%
Gerdau: 5,48%
Eletrobras (PN): 4,94%
MAIORES BAIXAS
Carrefour: -2,61%
Renner: -2,46%
Americanas: -2,31%
Santander: -2,18%
Energisa: -1,64%
Dólar: -0,40%, a R$ 5,4207
Petróleo
Brent: 2,55%, cotado a US$ 67,04.
WTI: 2,51%, cotado a US$ 63,22.
Minério de ferro: -0,20%, cotado a US$ 172,71 em Qingdao.