70% dos profissionais acima dos 40 já sofreu preconceito por causa da idade
Levantamento feito com 4,5 mil pessoas investigou a percepção de funcionários 40+ sobre o mercado de trabalho. Veja mais.
A pandemia fez mais de 3,1 milhões de brasileiros perderem seus empregos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E o número de desempregados é alto especialmente entre os mais velhos. Dados apontam que mais de 400 mil pessoas com 50 anos ou mais perderam seus empregos entre o fim de 2019 e o final de 2020. Mas o preconceito com profissionais seniores pode começar ainda mais cedo.
Foi o que indicou uma pesquisa feita pelo InfoJobs, empresa focada em tecnologias para recrutamento. O levantamento, que foi feito em abril de 2021 e ouviu 4.588 profissionais, mostrou que 70% das pessoas com 40 anos ou mais dizem já ter sido alvo de discriminação por causa de sua idade.
Para 78% dos entrevistados, o mercado não dá as mesmas chances para jovens e profissionais acima dos 40 anos. Além disso, 68% afirmou que, de acordo com sua experiência, manter-se atualizado (fazendo cursos, buscando capacitação profissional e investindo na própria carreira, por exemplo) nem sempre é suficiente para garantir um emprego.
A falta de oportunidades de trabalho é o principal obstáculo para a maioria dos colaboradores 40+ – caso de 61% dos entrevistados pela pesquisa. Outras dificuldades, porém, não chegam a 15% das respostas.
“Isso realmente acontece, há menos oportunidades para profissionais mais experientes. É quase como um funil, as opções para cargos iniciais são muito numerosas, enquanto para cargos mais seniores, são cada vez menores. Fora que quanto mais experiência você tem, você é mais caro para uma empresa”, diz Ana Paula Prado, porta-voz do InfoJobs.
Não à toa, 15% das empresas analisadas na pesquisa do InfoJobs têm até 5% do quadro de funcionários composto por pessoas com mais de 40. Para a maior parcela das companhias, caso de 26% do total, profissionais 40+ representam menos de 20% do total de colaboradores.
“Mesmo sabendo que esses profissionais vão agregar no dia a dia, muitos recrutadores, e até mesmo empresas, ainda têm em mente que pessoas mais velhas não são mentalmente ágeis, não lidam bem com mudanças e não têm energia – conceitos que estão totalmente ultrapassados e devem ser ressignificados”, completa Prado.
Questionados sobre como podem se destacar no mercado de trabalho, 26% dos entrevistados disseram acreditar que a chave é mostrar um maior comprometimento. O maior tempo de experiência e a capacidade de adaptação dos profissionais aparecem em segundo lugar, sendo a resposta de 18% dos entrevistados.