Resultado fraco da FedEx aumenta o temor de uma recessão global
Lucro da gigante, que serve de termômetro para a saúde da economia planetária, cai 20% na comparação anual e contamina os mercados mundo afora. Queda de 0,61% no Ibovespa.
A FedEx opera em 220 países, tem 696 aviões e 215 mil veículos, que entregam 16 milhões de encomendas por dia. Ou seja: ela é um belo termômetro para a economia global. Se a FedEx vai bem, a economia vai bem. E vice-versa.
O problema é que rolou o vice-versa.
Na noite de quinta, ela divulgou uma prévia dos resultados do terceiro trimestre de 2022. E eles vieram decpcionantes. O lucro caiu de US$ 1,49 bilhão (no 3T21) para US$ 1,23 bilhão. Nos “ganhos por ação”, a forma como a maior parte das empresas americanas prefere divulgar seus resultados, a queda foi de US$ 4,37 para US$ 3,44. Um tombo de 21%.
E o mercado esperava justamente o oposto. O consenso dos economistas consultados pelo Refinitv previa uma alta para US$ 5,10.
“Nosso volume global caiu conforme as tendências macroeconômicas foram piorando significativamente no final do trimestre”, disse o CEO Raj Subramanjam na nota de divulgação do resultado (que fez as ações da empresa terminarem o dia em queda de 21,40%).
Mais tarde, numa entrevista à CNBC, Subramanjam foi questionado: “Você espera por uma recessão global?”. A resposta: “Acho que sim, esses números [da FedEx] não indicam algo bom”.
A surpresa com o resultado da companhia, no fim das contas, mostra que há um vão gigantesco entre as expectativas do mercado e a realidade. “Foi o resultado mais fraco em relação às nossas expectativas em 20 anos”, disse o Deutch Bank num relatório enviado a seus clientes.
Num cenário assim, não há otimismo que aguente: queda de 0,72% no S&P 500, que termina a semana 4,77% abaixo do fechamento da última sexta. E o Ibovespa seguiu Nova York como um cãozinho fiel, ainda que com quedas mais brandas: -0,61% hoje; -2,69% na semana.
Caso Natura
Por aqui, destaque negativo para a Natura (NTCO3): -10,47%.
A história é complexa. Na terça, as ações da companhia tinham experimentado uma baixa de 6% com uma notícia do site Reset (não confirmada pela Natura). A gigante global dos cosméticos (dona também das marcas internacionais Avon, Aesop e The Body Shop), estaria pronta para vender a The Body Shop, que tem apresentado um desempenho fraco, e separar-se da Aesop, que vem melhor, tornando-a uma companhia independente (algo que a princípio tornaria a Natura uma companhia mais enxuta).
Na quarta e na quinta, com o boato rolando solto, os papéis recuperaram boa parte do valor: alta de 5,35% nesses dois dias. Ou seja: se parte do mercado via a possível reestruturação da Natura com bons olhos, outra parte interpretou o oposto: e foi às compras.
E na noite de ontem o caso ganhou mais um capítulo. A Natura soltou um comunicado à CVM dizendo que não, não há nenhum estudo sobre uma cisão da Aesop ou venda da The Body Shop. E aí quem comprou NTCO3 esperando por uma reestruturação decidiu vender em massa nesta sexta, levando à queda de dois dígitos hoje. Baixa que, vale lembrar, não é de hoje. Nos últimos 12 meses os papéis da companhia caem 68%.
O fato é que boa parte do Ibovespa está precificada para um tsunami. O P/L médio do índice está em 6, baixíssimo, versus ainda rechonchudos 18 do S&P 500. Isso ajuda a explicar porque Magalu (queda de 72% em um ano) fechou entre as maiores altas do dia, mesmo com a bomba da FedEx – que sinaliza uma tempestade para o varejo online no mundo todo. Veja aqui embaixo.
E bom fim de semana!
Maiores altas
BB Seguridade (BBSE3): 4,02%
Fleury (FLRY3): 2,97%
Magalu (MGLU3): 2,76%
Carrefour (CRFB3): 2,60%
Marfrig (MRFG3): 2,50%
Maiores baixasNatura (NTCO3): – 10,47%
Cogna (COGN3): – 9,22%
Yduqs (YDUQ3): – 5,52%
Sabesp (SBSP3): – 4,88%
Alpargatas (ALPA4): – 4,05%
Ibovespa: – 0,61%, a 109.280 pontos
Em NY:
S&P 500: -0,72%, a 3.873 pontos
Nasdaq: -0,90%, a 11.448 pontos
Dow Jones: -0,45%, a 30.821 pontos
Dólar: 0,38%, a R$ 5,25
Petróleo
Brent: 0,56%, a US$ 91,35 o barril
WTI: 0,00%, a US$ 85,11 o barril
Minério de ferro: – 1,17%, a US$ 102 a tonelada, na bolsa de Cingapura