Da Redação

Falta de controle financeiro atinge 47% dos adolescentes

FINANÇAS PESSOAIS

A forma como os adolescentes lidam com as finanças envolve mais do que a matemática financeira: envolve emoções, identidade e pressão social.

A conexão entre dinheiro e bem-estar emocional é evidente. Uma pesquisa da fintech Onze em parceria com a Icatu, revelou que 49% dos brasileiros apontam o dinheiro como a principal fonte de preocupação — índice superior a temas como saúde (19%), família (15%) e trabalho (7%).

Entre os jovens, essa aflição é particularmente alarmante. Um levantamento da CNDL e SPC Brasil mostra que 47% da Geração Z não controla suas finanças pessoais.

Além disso, a pesquisa mostra que muitos não sabem como fazer (19%), sentem preguiça (18%), não tem hábito ou disciplina (18%) ou não tem rendimentos (16%).

A educação financeira é importante desde o início da vida adulta. E vai além de conceitos como juros compostos, crédito rotativo e reserva de emergência: é também sobre aprender a lidar com impulsos, negociar dívidas e diferenciar necessidades de desejos.

“Quando o jovem aprende a organizar seus gastos e a importância de escolhas conscientes, ele evita problemas financeiros no futuro e reduz os riscos emocionais que acompanham a falta de planejamento”, diz Sam Hoffmann, CEO da Investeendo.

De acordo com Vanessa de Matos, sócia-fundadora da Investeendo, a partir dos 3 anos crianças já compreendem conceitos básicos ligados à quantidade, mesmo sem noção real de valores monetários. É o momento ideal para introduzir a ideia de escolhas.

No mercado, os pais podem permitir que o filho leve só um produto, reforçando que não é possível ter tudo ao mesmo tempo. Mesmo que a criança se frustre, a experiência transmite responsabilidade e autonomia, já que a decisão final foi dela.

Entre os sete e os dez anos, as crianças podem ser estimuladas a lidar com pequenas quantias. Uma estratégia é entregar um valor fixo para compras no mercado e, depois, discutir se a escolha foi a mais adequada.

Na adolescência, o desafio se torna maior. Vanessa comenta que apresentar as contas da casa, mostrar quanto entra e quanto sai a cada mês e ensinar a analisar extratos e faturas são formas de aproximar o adolescente da realidade financeira.

É também o momento de abrir uma conta bancária e explicar conceitos básicos sobre cartão de crédito, juros e investimentos.

Ao ingressar no mercado de trabalho, como estagiários ou aprendizes, os adolescentes precisam aprender a organizar o primeiro salário. A orientação é estabelecer metas e criar disciplina desde cedo.

Uma regra prática é separar 15% para investimentos, 15% para poupança destinada a objetivos maiores e utilizar o restante conforme necessidades e desejos pessoais.

"Assim, os jovens aprendem que educação financeira não significa abrir mão de gastos supérfluos, mas sim equilibrar consumo, economia e planejamento", complementa Vanessa.