Liderar na área da saúde, em um mundo digital, é uma habilidade em construção
A integração da tecnologia com a medicina será cada vez maior – e um líder terá de aprender e ensinar para obter bons resultados.
Existem mais definições de liderança do que seria possível listar neste espaço. Mas parece justo dizer que, na raiz, o que elas dizem em comum é algo como: liderar é trabalhar com vistas a atingir um objetivo – orientando pessoas ou equipes a colaborarem para esse fim. Liderar é uma atividade que vem sendo objeto de estudo e análise científica desde o início do século 20, por causa do alto grau de complexidade envolvido. No setor de saúde, o desafio é ainda maior.
Liderar já foi muitas coisas, a depender da época em que se definiu o conceito, de quem o definiu e dos objetivos que era necessário atingir. A definição que vier a caracterizar a época em que nos encontramos deverá vir apenas com o distanciamento histórico – quando se puder olhar para o período atual como algo passado e for possível detectar suas características mais marcantes. Mas tal distanciamento se aplica apenas ao entendimento acadêmico.
No dia a dia das organizações, é preciso encontrar parâmetros que sirvam como balizas para se exercer – e mais que isso, entender – a liderança no presente. No nosso caso, aqui no Hospital Albert Einstein, há necessidade de se encontrar as características em que se enquadram os líderes na área específica da saúde. Porque esta tem passado por profundas transformações – aceleradas pela pandemia, mas que já estavam a caminho, dados os avanços nas tecnologias de comunicação. Hoje, os médicos lidam com procedimentos cada vez mais intermediados pela tecnologia, como consultas remotas e cirurgias robóticas.
Um setor de saúde com essas características vai exigir muita capacidade daqueles que tiverem pessoas sob seu comando. Sem dúvida, será necessário acrescentar ao repertório, além dos conhecimentos já esperados em gestão e na área médica, outros mais ligados ao universo da telecomunicação e da computação. Afinal, engenheiros, técnicos e outros profissionais ligados a tais áreas cada vez mais integrarão as equipes que prestam serviços e atendimento de saúde, e será preciso conversar com eles com propriedade em algum momento.
Liderar também tem a ver com estabelecer objetivos claros para os quais direcionar uma equipe. Num futuro em que a tecnologia vai poupar custos e automatizar diversos processos, maiores serão as possibilidades de empregar aquilo que é o principal ativo de qualquer organização: seu capital humano. Capacidade de se comunicar com sua equipe, trabalhar com ela para desenvolver o potencial de seus membros, ensinar e aprender com cada um deles – estas são e serão marcas de um líder.
E a liderança jamais deve perder de vista a dimensão ética. Valores, respeito, confiança, empatia: tudo isso deve fazer com que o líder na área da saúde crie com sua equipe um elo que estimule a união, o trabalho conjunto. A tecnologia vai abreviar alguns processos, mas sempre será preciso observar quais processos precisam realmente ser abreviados. Eficiência não pode ser um critério aplicado a ferro e fogo, a qualquer custo.
Como dissemos, a liderança em um mundo digital é um evento novo, um conceito ainda em pleno processo de construção. Muito do que se sabe sobre liderança é consolidado, mas a tecnologia vai acrescentar mudanças e desafios que exigirão soluções que não estão na prateleira: elas terão de ser customizadas.
Hospitais – instituições de saúde, de forma geral – são entidades cuja gestão está entre as mais complexas atividades que existem. Para que a liderança na saúde tenha impacto positivo, a abertura à inovação será testada a cada volta, bem como a habilidade com pessoas, processos e dificuldades. Em alguns anos, o que se fizer hoje do conceito de liderança será o ponto de apoio para novas e renovadas definições. Que deixemos um bom exemplo.