Como driblar os vieses inconscientes que interferem na carreira das mulheres
Se as empresas conseguirem reduzir a desigualdade de de gênero em 25% até 2025, adicionará US$ 5,8 trilhões à economia mundial.
Quando pensamos sobre a ascensão profissional das mulheres, diversos fatores podem impedir que elas alcancem cargos de liderança. Entre eles estão a falta de equidade de gênero e os vieses inconscientes. A equidade de gênero refere-se a criar oportunidades iguais para mulheres e homens, afinal, as mulheres querem apenas o mesmo acesso às oportunidades que os homens já conquistaram.
O apoio à equidade de gênero transformará positivamente a sociedade. Um exemplo é o relatório “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres” (2017), da Organização Internacional do Trabalho (ILO). De acordo com o documento, a redução de 25% nas desigualdades de gênero até 2025 adicionará US$ 5,8 trilhões à economia mundial. No Brasil, o aumento seria equivalente a R$ 282 bilhões, o que representa 3,3% do PIB nacional.
No entanto, para que as mudanças aconteçam de forma genuína é necessário entender que os estereótipos desencadeiam dois tipos de vieses: os explícitos, que refletem a crença consciente sobre um determinado grupo de pessoas, levando à discriminação; os inconscientes, que acontecem de forma não intencional, que são influenciadas por crenças criadas no seu inconsciente.
Um dos grandes desafios para a liderança é conhecer e agir ativamente para mudar esse cenário. Por isso, é importante entender essas associações mentais. Pesquisas científicas apontam, por exemplo, que enquanto os homens são associados a características que os remetem à imagem de competentes, ambiciosos, assertivos, autoconfiantes e racionais, as mulheres são relacionadas a outros atributos e são vistas como atenciosas, amigáveis, colaborativas, intuitivas, compreensivas e emocionais. Todas essas qualidades são importantes, ainda mais quando falamos de liderança inclusiva, embora apenas as masculinas venham sendo pontuadas como positivas.
Segundo o Relatório de Desigualdade Econômica de Gênero 2021, das 156 nações avaliadas pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 93ª posição – perdemos 26 posições nos últimos 15 anos. Precisamos mudar esse cenário. Uma outra pesquisa realizada pela ONG norte-americana Catalyst, aponta que as mulheres mostram ambição no início da carreira, desejam os cargos de liderança, mas desistem no meio do caminho.
Entre os obstáculos desmotivadores estão a falta de oportunidades para conquistar cargos de liderança, as micro agressões nas relações interpessoais, os poucos exemplos de outras mulheres em posições de liderança e a falta de ações e políticas inclusivas nas empresas.
Outro ponto a ser considerado é o viés de desempenho, que é a tendência de acreditar que homens são potenciais talentos, enquanto o trabalho exercido por mulheres é subestimado. Isso acontece porque vemos mais homens em cargos de liderança e acabamos acreditando e naturalizando que eles desempenham melhor nestas funções. O viés de desempenho é frequente em setores considerados mais masculinos, e principalmente em posições de alta liderança. Isto gera um desgaste emocional enorme nas mulheres, uma vez que elas terão que se esforçar mais para provar a sua competência.
Para iniciarmos uma mudança, precisamos criar um novo paradigma, que torne os ambientes ainda mais inclusivos nas empresas, onde as relações de trabalho sejam saudáveis e tenham como base a confiança. Compreender sobre a inteligência de gênero pode ajudar nesse processo.
A inteligência de gênero está justamente em unir o que cada gênero tem de melhor, entendendo e valorizando as diferenças. É preciso um esforço de consciência para que as diferenças sejam respeitadas e bem aproveitadas.
Acredito que o caminho é buscar mais conhecimento sobre estes temas tão importantes como inteligência de gênero, viés inconsciente e equidade de gênero.
É importante ressaltar que esta temática não é um assunto apenas das mulheres, muito pelo contrário. Acredito que os homens têm papel fundamental nesse processo, como agentes de transformação, já que é a partir de mudanças fundamentais na alta gestão que será possível transformar as corporações em lugares mais humanos, diversos e inclusivos.