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Cris Kerr

Por VOCÊ S/A
Cris Kerr é CEO da CKZ Diversidade, consultoria especializada em Inclusão & Diversidade, professora da Fundação Dom Cabral, Mestra em Sustentabilidade e idealizadora do Super Fórum Diversidade & Inclusão.
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Sustentabilidade humana: sua empresa coloca em prática?

Garantir um ambiente corporativo saudável é tão importante para as pessoas quanto para os resultados financeiros da organização.

Por Cris Kerr
29 ago 2024, 12h00
quatro pessoas reunidas rindo.
Invista nas relações humanas e repense seu momento do cafezinho para que ele seja um momento produtivo  (Nespresso/Divulgação)
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termo “sustentabilidade humana” é recente no mundo corporativo, mas seu significado não é novo. Partindo do princípio de que as pessoas – consumidoras, fornecedoras, parceiras, lideranças e, principalmente, colaboradoras – estão no centro das organizações, passamos a enxergar uma necessidade de mudança de paradigma em prol desse capital humano.

A empresa de consultoria global Deloitte usou esse conceito pela primeira vez em um relatório em 2023, definindo sustentabilidade humana como a necessidade de as organizações focalizarem menos em como as pessoas podem beneficiá-las e mais em como elas mesmas podem beneficiar as pessoas.

Ou seja, trata-se de uma nova abordagem em que as empresas precisam tornar o ambiente corporativo sustentável para que as pessoas desempenhem seus papéis da melhor forma possível. Isso, por fim, se reflete na sustentabilidade do próprio negócio.

O conceito é conhecido, mas pouco concretizado. Segundo dados da própria Deloitte a partir de entrevistas com lideranças, há uma lacuna entre quem reconhece a importância desse tema (76% das pessoas respondentes afirmaram que é algo importante para o negócio) e quem o exerce no dia a dia (46% disseram fazer algo a respeito, e 10% já investem em ações de grande porte).

Então como fazer para colocar em prática? A primeira e mais importante etapa é medir. Quais são os impactos de um ambiente corporativo ruim para as pessoas nos resultados? Quanto custa o absenteísmo, a desmotivação, a baixa produtividade, o turnover, as consultorias e os treinamentos?

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Um dos desafios da sustentabilidade humana é que ainda se privilegia um olhar apenas para os resultados técnicos, o que se estende para a forma como as pessoas são avaliadas.

No meu livro Viés Inconsciente, menciono um treinamento que dei para um time de RH sobre como o ambiente de trabalho pode influenciar nas descargas hormonais. Logo depois, duas pessoas pediram demissão, e as lideranças vieram reclamar para mim. Falei que o problema não era o treinamento e nem as pessoas, mas provavelmente a liderança. Além disso, os motivos da saída poderiam dar uma pista sobre o que estava ocorrendo.

Comportamento é tão importante quanto o saber técnico

É comum que pessoas cheguem a cargos de liderança por suas qualidades técnicas e, na hora de desempenharem esse papel, apresentam falhas no lado comportamental. Esquecem de fazer reuniões individuais, de dar feedbacks constantes e de criar um ambiente acolhedor, de empatia e inclusão. Em vez disso, focam em cobranças e pressão por resultados.

Sustentabilidade humana é a necessidade de as organizações focalizarem menos em como as pessoas podem beneficiá-las e mais em como elas mesmas podem beneficiar as pessoas.

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Em outro exemplo, uma pessoa que participava de um treinamento veio reclamar para mim que tinha muitos problemas com as pessoas da sua equipe – tanto homens quanto mulheres não vinham performando bem. Logo perguntei: “você faz reuniões com elas? Tem momentos one-to-one?” A pessoa respondeu: “Faço uma vez com o time todo e sempre digo que, se tiverem ‘algo urgente’ (em um tom bem ríspido), podem me procurar”.

Foi curioso perceber que essa liderança nunca havia questionado o tom dessa fala. Afinal, o que é urgente? Assim, estava transmitindo que era alguém superocupado, que não tinha tempo para assuntos triviais. Não percebia que seu time acabava preferindo fazer errado do que falar e tirar dúvidas. Quando falei isso, caiu a ficha!

Essa liderança não fazia isso por ser alguém ruim, mas por hábito e porque a organização nunca olhou para o perfil comportamental dela. Daí a importância de treinamentos de liderança inclusiva, além de incluir nas avaliações de desempenho o feedback 360, em que todas as pessoas são avaliadas por todos os níveis da hierarquia, de forma igualitária.

É tempo de delicadeza

Gosto muito de um modelo de uma empresa que prestei consultoria. A avaliação é dividida em duas partes iguais: 50% atributos técnicos e 50% atributos comportamentais. A pessoa pode tirar nota 10 na primeira, mas, se não pontuar bem na segunda, não recebe promoções ou bônus — e aí deve desenvolver melhor as competências para o próximo ciclo.

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A sustentabilidade humana está diretamente relacionada à maneira com que as empresas tratam as suas pessoas. Isso passa por esse olhar profundo que mencionei sobre as métricas de desempenho comportamental das lideranças e os impactos do turnover e absenteísmo para as finanças.

Um dos desafios da sustentabilidade humana é que ainda se privilegia um olhar apenas para os resultados técnicos, o que se estende para a forma como as pessoas são avaliadas.

Envolve também atitudes tão singelas quanto, no dia a dia, usar mais expressões como “parabéns pela entrega” e “obrigado pelo trabalho”. Ou, caso a tarefa precise de ajustes, falar que “precisamos corrigir um pouco a rota, vamos trabalhar em conjunto nisso”.

A cultura de uma empresa não é somente o que está escrito nas paredes sobre respeito, propósito e trabalho em equipe. É, principalmente, a maneira como as pessoas se comportam. Por isso, a sustentabilidade humana deve ser medida e colocada como uma meta: garantir um ambiente saudável para que a pessoa vá para casa melhor do que quando chegou ao trabalho.

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