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O que são commodities?

Não é falso cognato: a palavra vem de "comodidade" mesmo. E não: commodity não é tudo igual, como dizem. Entenda aqui.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 30 nov 2023, 11h51 - Publicado em 10 nov 2023, 05h41
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 (Maria Laura Farinha/VOCÊ S/A)
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Há quem diga que é “mercadoria” em inglês. Já foi, até, mas agora o significado está restrito a matérias-primas – seja em inglês, seja em qualquer outra língua. 

O significado original de “commodity” é “comodidade” mesmo (do latim commoditas). A palavra ganhou o sentido de “mercadoria” na França do século 14, talvez como um sinônimo mais floreado para “produto”. É mais bonito, afinal, vender “comodidades”, “conveniências” do que “coisas”, certo? (Mesma lógica dos restaurantes que dizem “não vender comida, mas experiências”.) 

Do francês a palavra migrou para o inglês e acabou ganhando o sentido atual: produtos básicos, matérias-primas. Embora algumas não sejam tão primárias assim. 

Pense no aço. Ele é obviamente uma commodity. Mas não existe mineração de aço, claro. O que sai da mina é ferro (misturado com outros minerais). 

As siderúrgicas pegam esse minério, separam o ferro, misturam com carbono (e outros elementos) para produzir aço – em diversos sabores (inoxidável, de baixa liga, de alto carbono…). Isso faz do aço uma “commodity secundária” – uma matéria-prima feita a partir de outra matéria-prima; nesse caso, por uma commodity primária.

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Vale o mesmo, naturalmente, para gasolina, diesel, querosene – produtos básicos derivados de um ainda mais básico. 

É usual dizerem que commodities são produtos indiscerníveis entre si. Na linha: se você furar um poço de petróleo, vai vender no mercado internacional de petróleo, a preço de petróleo. Não é bem por aí. 

Petróleo “doce” (com pouco enxofre) custa mais do que petróleo “azedo” (com muito). E petróleo “pesado” é mais barato que petróleo “leve”. Os leves são feitos de moléculas menores, com cerca de 10 átomos de carbono. Esses são melhores para produzir gasolina (7 a 9 átomos). Os mais pesados, por outro lado, têm moléculas de até 70 átomos. Dá para transformá-los em gasolina ou outros derivados de preço alto, só que o processo é mais dispendioso. O normal, então, é o petróleo pesado virar matéria-prima de derivados menos nobres, como asfalto. Logo, ele é mais barato.

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Quando você ouve que “o barril está chegando a US$ 100”, isso se refere a um tipo específico de petróleo: o Brent, extraído no Atlântico norte pelo Reino Unido e que serve de referência para o resto.

O Brent é da turma dos leves. Um dos mais pesados é o Maya, do Golfo do México. E ele custa 20% menos que o Brent. Já o Arab Extra Light (de nome autoexplicativo) sai 5% mais caro. O petróleo do campo de Tupi, o maior da Petrobras, é do tipo intermediário – nem leve nem pesado. Mas tem menos enxofre que o Brent. Então os dois têm um preço parecido. 

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(Maria Laura Farinha/ARTE/VOCÊ S/A)
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