Opep+ e Payroll interrompem recuperação nas bolsas de Nova York
Por aqui, o mercado aguarda ansioso o plano de Lula para substituir o (esburacado) teto de gastos. Bolsonaro já patrocinou cinco furos desde 2019.
Após dois dias bem-vindos de altas nos índices, os futuros de Nova York já abriram desanimados. Não se sabe se por ressaca de dois dias de altas robustas ou se os investidores começaram a pensar na sexta, quando sai o temido (rufem os tambores) Payroll, relatório de emprego dos EUA. Hoje, tem uma prévia para os corações ansiosos: dados do mercado de trabalho em setembro gerados pelo Instituto de Pesquisa ADP. Essa é uma pesquisa privada que costuma espelhar bem o Payroll.
O medo é o de sempre: quanto mais empregos houver nos EUA, mais o Fed pode subir a taxa de juros sem medo de ser feliz, porque esse é um sinal de que a economia ainda não sentiu o baque das reuniões do Fomc – e aguenta mais porrada.
Enquanto isso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – cartel encabeçado pela Arábia Saudita cujos 14 países-membros concentram 80% das jazidas do mundo e são responsáveis por pouco mais de 40% da produção mundial – se reúne hoje para decidir se fará mesmo um corte de até 2 milhões de barris em seu output diário.
O que eles querem é forçar uma alta para o barril, que caiu 24,7% desde o último pico em maio (US$ 121), num esforço parecido com o cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Os preços haviam disparado porque, lá na pandemia, a Opep+ cortou a oferta, já que a demanda era menor. Isso ajudou a segurar o preço. Legal. Aí o mundo voltou a funcionar e o consumo de suco de dinossauro aumentou. O preço começou a subir. E a Opep+? Achou sussa manter a oferta nos mesmos níveis da pandemia. Os preços dispararam e turbinaram a inflação no mundo todo. Agora, os Bancos Centrais estão subindo juros de forma cavalar para conter a alta de preços. O efeito colateral deve ser uma recessão econômica em escala global. Aí, claro, os preços do petróleo voltaram a cair porque a demanda deve ser menor.
Só a expectativa de que haverá consenso para cortar a produção já está fazendo efeito. Às 8h da manhã, 0,94%, a US$ 92,66 o barril.
A provocação da Opep+ pode beneficiar as ações do bloco de carnaval Unidos do Ouro Negro, sediado aqui no Rio. Os papéis da estatal Petrobras (PETR4) caíram 15% desde o último pico, em 9 de agosto, acompanhando o mergulho do petróleo. E com um problema adicional, que é ser uma empresa estatal em período de eleições presidenciais.
As concorrentes privadas têm enfrentado menos dissabores e podem se beneficiar ainda mais das malandragens da Opep. A 3R Petroleum (RRRP3) anda bem: subiu 45% desde um vale profundo em julho. PetroRio (PRIO3), também. Cresceu 48% depois de superar o último buraco no gráfico, quatro meses atrás.
Falando em eleições, o mercado aguarda ansioso o próximo aceno de Lula à Faria Lima: a campanha do PT pode anunciar hoje seu plano para substituir o teto de gastos, a polêmica medida herdada da gestão Temer que impede o crescimento de despesas acima da inflação.
No 1º turno, a equipe do candidato disse que derrubaria o teto, mas não disse o que colocaria no lugar para preservar a saúde fiscal do país. Agora, a expectativa é por limite flexível, menos caxias, que restrinja a gastança em momentos de crescimento mas libere verdinhas quando há recessão para não impedir investimentos públicos importantes.
A atual gestão fez o que pôde para tirar a credibilidade do teto: em parceria com o Congresso, o governo Bolsonaro já foi responsável por cinco furos no limite de orçamento desde 2019 – o mais recente e espetacular deles com a PEC Kamikaze. Esses abusos somam R$ 213 bilhões além das metas originais.
Futuros S&P 500: -0,76%
Futuros Nasdaq: -0,75%
Futuros Dow: -0,77%
*às 7h55
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,87%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -1,12%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,76%
Bolsa de Paris (CAC): -0,75%
*às 7h57
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): mercado fechado, feriado.
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,48%
Hong Kong (Hang Seng): 5,90%
Brent: 0,94%, a US$ 92,66 o barril
Minério de ferro: 0,59%, a US$ 94,00 a tonelada, na bolsa de Cingapura
*às 8h01
PIB do Brasil, segundo o Banco Mundial
Um relatório publicado ontem pelo Banco Mundial aponta que o Brasil deve crescer menos do que a média da América Latina este ano. A estimativa é de que o PIB brasileiro feche 2022 com alta de 2,5% (0,2% a menos do que prevê o nosso Banco Central), enquanto a média da região é de crescimento 3%. Já em 2023, o Brasil deve crescer 0,8% – metade da média regional, de 1,6%.
Amazon congela contratações
A Amazon vai parar de fazer contratações até o final do ano, segundo um comunicado interno obtido pelo New York Times. O congelamento será global e afetará todas as funções corporativas da companhia, incluindo posições de tecnologia, varejo (físico e online) e o setor de logística – divisão responsável pela maior parte das vendas da Amazon. A medida não afetará, no entanto, o negócio mais lucrativo da empresa: computação em nuvem.
Este é mais um indicativo de que o medo de uma recessão econômica está afetando até as gigantes do Vale do Silício. Na semana passada, a Meta, controladora do Facebook, também anunciou que vai congelar contratações – e fazer demissões.
Keeping Up with the Crypto Market
Em junho de 2021, Kim Kardashian perguntou aos seus 331 milhões de seguidores no Instagram se eles gostavam de cripto. O post continuava: “este não é um conselho financeiro, mas queria compartilhar o que meus amigos me disseram sobre o token EMAX!”. A digital influencer só esqueceu de avisar que esses amigos tinham pagado US$ 250 mil para que ela fizesse a publicação. Nesta semana, Kim foi multada em US$ 1,26 milhão pela SEC (a CVM dos Estados Unidos), por promover propaganda indevida. O Washington Post conta como a SEC tem tentado conter e punir influencers que divulgam criptos desconhecidas (e milagrosas) nas redes sociais.
A força que realmente move os mercados
O mercado acompanha as falas do Banco Central com a atenção de quem assiste uma série de mistério: qualquer entrelinha pode ser uma pista valiosa para elucidar a trama. E em agosto estava claro: a instituição dizia, com (quase) todas as letras, que o ciclo de alta da Selic estava prestes a terminar. Ninguém sabe quando os juros vão começar a cair, mas só a expectativa de que eles devem parar de subir opera milagres no mercado financeiro. Alexandre Versignassi, da Você S/A, explica porquê.
Brasil, 9h: IBGE divulga Pesquisa Industrial Mensal de agosto
EUA, 11h30: DoE anuncia estoques de petróleo da semana
Brasil: IPEC divulga primeira pesquisa presidencial para o segundo turno.