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Plot twist: Payroll vem forte, mas bolsas sobem mesmo assim. Entenda.

Criaram-se 336 mil postos de trabalho nos EUA, um assombro. Mas o mercado reage bem a outro dado: a desaceleração nos salários, que não favorece uma nova elevação dos juros em novembro.

Por Camila Barros, Alexandre Versignassi
Atualizado em 21 out 2024, 10h20 - Publicado em 6 out 2023, 17h45
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/Unsplash/VOCÊ S/A)
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A semana da espera pelo Payroll terminou com um plot twist no final do último episódio. O principal relatório de empregos dos EUA mostrou que o mercado de trabalho continua a todo vapor por lá. Bem mais do que Wall Street imaginava. Mas essa não foi a maior surpresa. Vejamos aqui.  

O relatório registrou a criação de 336 mil postos de trabalho nos EUA em setembro. Trata-se do maior salto desde janeiro, e é quase o dobro das 170 mil vagas projetadas por analistas (no levantamento da Bloomberg). 

Há um lado meio cheio e outro meio vazio nesse copo. A parte boa: um mercado de trabalho forte indica que a demanda por produtos e serviços no país continua crescendo, o que afasta o medo de uma recessão econômica desencadeada pela alta dos juros. 

Por outro lado, mostra que o Fed ainda tem um caminho longo pela frente até alcançar sua meta de inflação de 2% – já que o mercado de trabalho aquecido tem sido o maior ponto de atenção da instituição na cruzada contra a alta nos preços. 

Pela manhã, logo após a divulgação do Payroll, o mercado financeiro desanimou pensando na possibilidade de juros altos por mais tempo do que o esperado. O S&P 500, que operava em alta no pré-mercado, abriu em queda de 0,55%; a Nasdaq, -0,70%. O Ibovespa foi ainda mais fundo: chegou a cair 1,19% na sessão. 

Mas isso era o que se esperava caso o Payroll viesse forte. O plot twist foi outro. Ainda pela manhã, os sinais deram meia volta e dispararam para cima. Saldo do dia: S&P 500 subiu 1,18%; Nasdaq, 1,60% e o Ibovespa, 0,78%, aos 114.169 pontos. 

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O segredo aí está em outro dado do Payroll: os salários. Em setembro, a remuneração média dos americanos subiu 0,2% (4,2% em 12 meses). Trata-se do menor ritmo anual desde junho de 2021. Um pouco abaixo da previsão, que indicava 0,3% no mês e 4,3% no ano. 

Ou seja: apesar da disparada do número de postos de trabalho, o salário dos americanos, na média, subiu pouco no mês passado. Bom para o combate à inflação, já que salários mais altos significam mais poder de compra – e, consequentemente, mais dinheiro circulando na economia, o que puxa os preços para cima. 

Apesar de abaixo das expectativas, vale apontar, o avanço dos salários continua alto. Economistas consultados pela Reuters dizem que um avanço anual de 3,5% nos salários seria o ritmo condizente com uma inflação a 2% – (o núcleo do PCE, índice preferido do BC americano está em 3,88% hoje) . 

E outra: no fim, a taxa de desemprego do país se manteve no mesmo patamar de agosto, em 3,8%. A expectativa era de leve queda, para 3,7%. 

Por último (e menos importante), alguns analistas também apontaram que uma mudança no cálculo do ajuste sazonal do Payroll ajuda a explicar a discrepância entre as expectativas do mercado e o dado concreto. A revisão puxou o número de vagas abertas em meses anteriores para cima – agosto, por exemplo, registrou 227 mil vagas, contra 187 mil antes da revisão.

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Ou seja: depois de olhar o relatório com mais calma, Wall Street passou a interpretar que os dados ali não mudam muuuita coisa para a próxima decisão do Fed. “Há um número suficiente de boas notícias no crescimento dos salários e na taxa de desemprego para impedir que o Fed volte a aumentar os juros”, disse um analista da Moody’s à CNBC. 

Dados do CME, a bolsa de Chicago, apontam que mais agentes do mercado passaram a enxergar uma alta de juros na próxima reunião do Fomc, que rola em 1º de novembro. Hoje, 29,2% apostam em alta de 0,50 pp – ontem eram 20,1%. Ainda assim, a maioria das previsões (70,8%, contra 79,9% ontem) são de manutenção da taxa de juros. 

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PETR4: 2,38%; BBAS3: 4,07%

Por aqui, o Ibovespa passou o dia acompanhando o humor externo. Os ventos mais otimistas lá fora, junto com uma leve recuperação da cotação do petróleo (0,61%), ajudaram a Petrobras a se recuperar do estrago da semana. 

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Há alguns dias, dados do Departamento de Energia americano indicaram uma queda da demanda pela commodity mundo afora. Ao mesmo tempo, uma visão mais pessimista sobre o desenrolar da política monetária americana ajudou a impulsionar o receio de uma desaceleração global. Resultado: em dois dias, queda de 0,61% no brent, a R$ 84,58. Isso, claro, depois do rali de mais de 30% em três meses, que quase levou a cotação a US$ 100. 

As petroleiras brasileiras acompanharam o escorregão. Na quarta, as ações PETR4 chegaram a cair 3,97%. Ontem, leve alta de 0,33%. Agora, afastado (por ora) o medo de recessão nos EUA, deu pra subir legal: PETR4 3,38%, entre as maiores altas do dia. Outras petroleiras acompanharam: PRIO3 subiu 1,90% e RECV3, 1,69% – só RRRP3 caiu, -0,32%. 

Destaque também para o Banco do Brasil. BBAS3 reagiu com força à recomendação de compra pelo Bradesco BBI. Os analistas do banco escreveram que a companhia é “uma fortaleza, com um valuation atraente demais para ser ignorado”. O P/L do banco está em reles 3,7 (ante 8,4 do Itaú, por exemplo) mesmo com a alta de 32% nos últimos 12 meses, que elevaram o papel a R$ 48,76. O BBI elevou seu preço alvo, que estava justamente em R$ 48, para R$ 60. 

É isso. E talvez a resiliência da economia americana, que afasta o fantasma da recessão, também seja algo “atraente demais para ser ignorado”, a despeito do efeito inflacionário. Aguardemos pelas próximas surpresas no roteiro do mercado. 

Bom fim de semana! 

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MAIORES ALTAS

Casas Bahia (BHIA3): 8,93%

Banco do Brasil (BBAS3) 4,07%

Carrefour (CRFB3): 3,22%

Petrobras On (PETR3): 2,51%

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Petrobras Pn (PETR4): 2,38%

MAIORES BAIXAS

Yduqs (YDUQ3): -7.66%

Petz (PETZ3): -5,03%

Cogna (COGN3): -3,49%

Dexco (DXCO3): -3,23%

Hapvida (HAPV3): -2,88%

Ibovespa: 0,78%, aos 114.169 pontos. Na semana, -2,06%. 

Em Nova York

S&P 500: 1,18%, a 4.308 pontos

Nasdaq: 1,60%, a 13.431 pontos 

Dow Jones: 0,87%, a 33.407 pontos

Dólar: -0,14%, a R$ 5,16. Na semana, +2,69%.

Petróleo 

Brent: 0,61%, a US$ 84,58. Na semana, -8,26%.

WTI: 0,58%, a US$ 82,79. Na semana, -8,81%.

Minério de ferro: feriado na China. Em Singapura, 0,04%, a US$ 117,55 por tonelada 

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