Qual o próximo passo do profissional de RH? Entre para o conselho!
Sócia da Vicky Bloch Associados, psicóloga fala da importância do profissional de recursos humanos no conselho de administração da empresa
Há um ano, escrevi neste espaço um artigo sobre a relação entre os executivos de recursos humanos e os conselhos de administração. O foco era a contribuição ainda limitada dos RHs nesse fórum de governança, especialmente quando comparada à dos executivos de finanças, vendas ou operações.
Hoje volto ao tema. O primeiro passo para quem se interessa em fazer parte de um conselho é ter uma base conceitual. “Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Uma boa frase destacada no conteúdo da instituição resume o cenário atual: “Mudanças cada vez mais profundas e aceleradas no ambiente de negócios impuseram transformações no papel do conselho nos últimos tempos, que vem se preocupando cada vez mais com ações proativas, sobretudo as relacionadas com o direcionamento estratégico da organização”.
Ou seja, passou a fazer parte das discussões aquilo que se chamou em algum momento de soft issues, assuntos que dão o tom e diferenciam as organizações entre si e que requerem que os participantes tenham experiências e conhecimentos diferentes dos exigidos pelos conselhos tradicionais.
Essa mudança abriu espaço para os profissionais que construíram a carreira em recursos humanos — e também para os que vêm da área de sustentabilidade. Isso é positivo, mas só será aproveitado se o executivo de RH mudar a postura e apoderar-se de temas estratégicos. É necessário deixar a zona de conforto para discutir assuntos de negócios de forma mais ampla.
Um curso de formação de conselheiros pode ajudar nesse processo de autoconhecimento e no entendimento do papel que o executivo deve ter dentro de um comitê de governança — apesar de cada um trazer sua expertise, há um entendimento básico de que precisa ser comum a todos.
Saber ler um balanço, por exemplo, é uma dessas habilidades. Além disso, é recomendado saber sobre negociação, comunicação, decisão compartilhada e interpretação de contextos.
Caso ainda não se sinta totalmente seguro, você pode ir trilhando seu caminho aos poucos. Comece a candidatar-se a comitês de pessoas, por exemplo. Mas, se quiser ir além, faça bem sua lição de casa.
* Psicóloga, sócia da Vicky Bloch Associados e professora nos cursos de especialização em RH da FGV-SP e da FIA