Posso namorar no trabalho?
Quais são os cuidados a tomar quando você se apaixona por um colega
O dia 14 de fevereiro é a data oficial da comemoração de Dia dos Namorados em vários países. E como muitas pessoas já me questionaram sobre o que é aceitável (ou não) quando o assunto é relacionamento amoroso no ambiente de trabalho, resolvi falar sobre esse tema.
Ao longo da minha carreira como gestora, já tive, por exemplo, funcionários que se casaram com parceiros da mesma área ou companhia. Eu sempre encarei esse assunto com naturalidade: passamos boa parte dos nossos dias no ambiente profissional e é totalmente aceitável se apaixonar por alguém que trabalhe conosco.
Mas quem passa por isso enfrentará algumas questões. Separei seis delas.
1. Regras internas
Relacionar-se com alguém do trabalho pode impactar a carreira. Por isso, antes de começar pense nas consequências. Se existir o real desejo de ficar junto, é importante observar as regras da companhia. Muitas empresas têm um código de ética para essas situações e é preciso cumpri-lo.
De maneira geral, o que tenho visto são companhias que permitem o relacionamento entre funcionários desde que: eles não pertençam ao mesmo departamento; que uma das partes não seja responsável pela gestão da outra; que não aja “conflito de interesses” na relação – por exemplo: um profissional de RH que participa da avaliação de desempenho de um diretor não deve ter um relacionamento amoroso com esse profissional.
2. Chefia direta
Por mais discreto que o casal seja, cedo ou tarde a liderança de ambos saberá da novidade. Então, para evitar informações desencontradas, a recomendação é que os envolvidos se antecipem e conversem com os gestores. Se o casal preferir manter a relação em segredo – mesmo após a validação da chefia – é preciso tomar cuidado com as redes sociais, para não expor o relacionamento.
3. Decisão difícil
Manter o relacionamento em segredo é uma má ideia se o casal fizer parte do mesmo departamento, se existir uma relação de subordinação ou se houver conflito de interesses. Nesses casos, um dos dois precisará mudar de setor ou de companhia. Já presenciei as duas situações.
Normalmente, se demite a pessoa que tem menos chances de construir uma carreira promissora na empresa — e, nesses casos, a busca por um novo caminho profissional costuma ser muito positiva no médio ou longo prazo.
4. Comportamentos inadequados
A Constituição Federal garante aos cidadãos, entre outras coisas, “o direito à intimidade e à vida privada”. No entanto, a demissão de um casal que trabalha junto pode acontecer no caso de comportamentos inadequados, tais como: brigas ou demonstrações afetivas que possam constranger terceiros; e uso de recursos da empresa, como o e-mail, para troca de mensagens pessoais.
Além disso, se a companhia deixar claro em sua política interna a proibição de relacionamentos amorosos entre determinados profissionais, a demissão também é uma possibilidade
5. Sem afetar as entregas
Uma preocupação comum dos gestores costuma ser em relação à produtividade do funcionário. Por isso, o casal deve separar o que é pessoal do que é profissional para não impactar negativamente resultados e entregas.
6. Felicidade
Para mim, relacionamentos amorosos no trabalho são comuns e podem dar muito certo. Conheço casais que estão muito felizes com a escolha e que ainda desfrutam das vantagens de ter ao lado uma pessoa que fala a mesma linguagem e entende o dia a dia de trabalho. Isso aumenta o grau de compreensão e tolerância entre o casal.
A regra básica é: na dúvida, use o bom senso. Conheça as políticas de sua empresa e aja de acordo com elas. E, mesmo em empresas muito liberais, que permitam essas relações, o ideal é manter a discrição dentro do ambiente de trabalho para evitar fofocas, comentários inconvenientes ou uma exposição negativa desnecessária.
O mesmo raciocínio vale para os términos dos relacionamentos: é importante agir com respeito e maturidade para manter uma relação amigável.
Sempre zele pela sua imagem – e pela imagem de quem você ama. Afinal, como disse Warren Buffett, “são necessários vinte anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí-la”.