Três perguntas para o Sororitê, grupo de investimento-anjo de mulheres para mulheres
A cofundadora Flávia Mello explica o projeto, que nasceu para ser um grupo de WhatsApp para mulheres investidoras, mas se tornou uma rede de investimento compartilhado.
Investidores-anjo financiam startups mirando uma fatia dos lucros quando (e se) o negócio decolar. E o mundo dos novos negócios é quase que monopolizado por homens – 90% das startups no Brasil são fundadas por times completamente masculinos. Pior: os 10% de times femininos recebem menos de 1% desses investimentos.
A Sororitê, uma rede de investidoras-anjos mulheres que só investem em startups lideradas por mulheres, nasceu para ajudar a preencher essa lacuna.
A iniciativa é da carioca Flávia Mello e da paulistana Erica Stul. No início, era apenas um grupo de WhatsApp para compartilhar oportunidades de investimento focadas em startups fundadas por mulheres. Em 2021, virou uma rede para investimentos em conjunto. Em pouco mais de um ano e meio de atuação, a rede já conta com 80 investidoras e R$ 4 milhões aportados. Aqui, Flávia dá detalhes do projeto.
1 – Por que criar uma rede de investidoras-anjos, só com mulheres?
Investidoras são 2 vezes mais propensas que homens a investir em uma startup fundada por outra mulher. E elas são 3 vezes mais propensas a investir em uma empresa liderada por uma CEO. Só que existem menos investidoras mulheres do que homens. Ao trazer mais equidade de gênero para o lado do investidor, a gente capitaliza mais mulheres fundadoras de empresas.
Nossa “Pedra Filosofal” é trazer mais segurança para mulheres que querem ser investidoras-anjo. O investimento em startups é muito arriscado, mas quando a gente faz isso de forma coletiva, reduzimos o risco. Primeiro porque a análise daquela startup fica mais rica. E, depois do investimento, a gente consegue montar uma rede de apoio multidisciplinar para aquela fundadora, com cada investidora contribuindo com o seu expertise – o que a gente chama de smart money.
2 – Como são feitas as rodadas de investimento?
A startup se cadastra no nosso site e, se ela mandou todas as informações que a gente pede, obrigatoriamente ela já tem um encontro com a gente. Nesses encontros, estão presentes as fundadoras do Sororitê e outras investidoras do grupo que tenham experiência na área de atuação da startup analisada. Lá a gente decide se a empresa vai ser levada para o grupo como possibilidade de investimento.
Independentemente de levar ou não, nós sempre entregamos um feedback de como a startup pode fortalecer a tese dela.
Quando a gente leva para o grupo, cada investidora tem total autonomia para decidir em qual startup vai investir. O contrato da investidora é direto com a startup – a Sororitê não tem participação jurídica nisso.
3 – Quanto, em média, o grupo investe por rodada?
A média das nossas rodadas é de R$ 500 mil. Cada investidora aporta em geral de R$ 10 mil a R$ 50 mil. Mas a gente já recebeu cheques superbaixos, partindo de R$ 1 mil, e outros bem mais altos, chegando a R$ 200 mil de uma investidora só. O nosso aporte recorde foi para a Muda Meu Mundo, de R$ 830 mil.